sábado, 28 de fevereiro de 2015

"CURUZES" ( Crônica )



''CURUZES!!!''
Ysolda Cabral



Pisando energia boa, sentindo o cheiro do Mar que a Brisa me traz, generosamente, sem nada pedir em troca, desfaço-me dos compromissos marcados para hoje – dentista, almoço comigo, e supermercado –, não por escolha; e me deixo aqui ficar diante dessa tela, escutando o canto dos poucos pássaros, que nada programaram para hoje, permanecendo, por escolha, diferentementes de mim, na pousada vizinha a vadiar. Lá estão eles na companhia uns dos outros, a cantarem, ora alegres, ora a cochilarem preguiçosamente. O dia começa a esquentar. A sensação que tenho é de que, se a chuva demorar, minha mente poderá ser, literalmente, fritada a qualquer momento...

Ah, calor causticante! Que saudade de sentir um friozinho, tomar um chocolate quente e me deixar ficar a cochilar num velho e fofo sofá! Como o verão enfada, cansa! Não vejo a hora do inverno chegar, mesmo considerando que aqui não temos inverno, apenas um pequeno e quase imperceptível arremedo. O fato é que o calor é tanto que ontem fui me deitar, farta de fadigamento, e, mesmo com o ar-condicionado posto no ponto máximo, quando consegui conciliar o sono ele partiu para o pesadelo, levando-me a um lindo jardim de flores de plástico se derretendo ao sol, formando, de repente, uma difusa massa que, em grande diagonal e sem saída, vinha em minha direção. Acordei moída!

Penso que tudo isto é o resultado de uma roupa errada que vesti ontem para sair de casa. Ora, se a maioria das pessoas veste branco na sexta-feira, independente de religião, porque achei de vestir vermelho?! Quando cheguei no Banco 24 horas, as pessoas que estavam vestidas de branco e de amarelo me olharam com ar de reprovação. No posto de gasolina o bombeiro, de verde, nem trouxe a maquininha para passar o meu cartão! Tive que descer do carro. Até a porta de vidro, transparente e automática, do prédio onde trabalho, não quis abrir para mim, toda vestida de vermelho!

Será que o mundo enlouquecido pensou que eu estava fazendo apologia ao PT?

“Curuzes!!!"


Praia de Candeias,
27.02.2015
Vestindo Branco,
Ysolda Cabral




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segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

NUANCES DO ENVELHECIMENTO



NUANCES DO ENVELHECIMENTO

Ysolda Cabral



E eis que as nuvens escuras e pesadas se dissipam e o dia azul resplandece sobre um Mar de ondas plácidas. Tudo excessivamente claro me leva a querer sentir o cheiro da terra molhada, e torcer para que chova apenas um pouquinho. - Como a chuva faz falta! Cansei de tanto Sol e de tanto calor. Cansei de sentir frio na barriga, que é frio de medo da realidade chegada sem nenhuma poesia e abruptamente. - Precisava me livrar dele! Quero frio ameno, frio de cidade de interior, que é frio de ar puro, e leve que nos leva ao aconchego de casa, e a alegria de estarmos junto dos que nos querem bem de verdade. Cansei de hipocrisia, de competição desleal, do faz de conta de todo dia e dos chacais que nos espreitam em cada esquina, desgraçados que somos, para trucidar o pouco que resta de nossas vidinhas mais ou menos. E a minha ''Oração do Entardecer'' se faz o contrário de tudo àquilo que idealizei. Nuances do meu próprio envelhecimento. 

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E por falar em envelhecer trago, de presente ,para os meus leitores queridos, um belo soneto do meu avô, o qual ele compôs quando tinha a idade que hoje tenho.


O U T O N O
Firmino Filho

Como acontece às estações do ano
o ser humano segue a mesma sorte;
tem as nuanças que vão notando,
de vez em quando, para um novo norte.

Mas uma grande diferença existe:
é a que consiste em fase definida;
pois quem passou cantando a primavera,
não mais espera repetir na vida.

E quando chega a idade da velhice
a própria vida já não tem ledice,
é a tristeza a nota persistente;

Quando o verão da vida vai-se embora
o velho outono surge sem demora,
matando em cheio as ilusões da gente.

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Praia de Candeias-PE
Sem acessibilidade
Em 23.02.2015

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Par ler com fundo musical, acesse:

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

CARÍCIAS DO VENTO

CARÍCIAS DO VENTO
Ysolda Cabral 



Na tela, o branco da paz
que vem da Sé, firmando a fé 
nos versos que ainda não fiz. 
Não porque não quis!…
Ah, são tantos os versos que li! 

Na tela, o branco do nada! 
Do nada que a tristeza deixa em nós,
velando a nossa voz...
Hoje ela canta, calada,
as marchinhas marchadas agora,
lá fora, onde a vida foi embora...

Na tela, os teus apaixonados versos
preenchem meu coração de alegria,
me fazendo esquecer das agonias,
que um dia, não sei por que, vivi... 

Na tela, a minha alma exposta e nua,
a se exibir em sonhos que nunca nutri!...
Paro e sinto o Vento acariciar meu rosto
com gestos bem ao teu gosto...
És tu, que estás aqui?...

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Praia de Candeias-PE
Divagando emoções 
Em 16/02/2015 
2a. feira de Carnaval

Para ouvir a música, acesse:



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sábado, 14 de fevereiro de 2015

ENTRE ELE E EU, A FÁTIMA BERNARDES



ENTRE ELE E EU, A FÁTIMA BERNARDES
Ysolda Cabral




O tempo que tenho disponível para almoçar é extremamente limitado. E como se não bastasse o pouco tempo, ainda tenho que ''engolir'' a ''patricinha'' da Fátima Bernardes a falar bobagens, interrompendo, à lá Faustão ( com licença da palavra), um assunto do interesse de todos. Coisa raríssima no programa dela, diga-se de passagem.

Acho que a referida apresentadora nunca e jamais deveria ter saído da bancada do Jornal Nacional, um outro '' saco''! Mas fazer o quê, se o meu 3-G não funciona no restaurante onde almoço, tendo que dar de cara com a cara dela, sempre que coloco o garfo na boca? Já pensei em mudar de restaurante, mas como a proprietária, minha amiga, comunga do mesmo sentimento que eu - só permitindo a sintonia do famigerado canal, porque o fã clube da ''dita cuja'' garante a clientela masculina fiel ao seu restaurante -, vou suportando o sacrifício, em nome de nossa amizade e da sua culinária que eu adoro, principalmente as sobremesas.

Dia desses, lá cheguei com uma fome daquelas! Resolvida a não prestar atenção ao que se passava ao meu redor, nem muito menos à minha frente, divaguei pensando na chegada do Carnaval e na possibilidade de brincar – todo ano penso nisso e nunca brinco – quando comecei a escutar um frevo daqueles! Era um pernambucano, de Olinda-PE, que frevava com uma boneca de pano grudada aos sapatos, no telão à minha frente. Contudo, o close foi para a Fátima Bernardes, que frevava serelepe e solta, pulando que nem cabrito desmamado. Ceguei!!!

Odeio o Carnaval, odeio o frevo e odeio a Fátima Bernardes! Por culpa dela, ao chegar em casa, naquele mesmo dia, coloquei um Cd de frevo no som novinho em folha comprado recentemente, e, na primeira tentativa do passo aéreo, aterrizei à toa, quase quebrando as pernas e a coluna!

Logo ela, a FC de saia, tinha que se meter entre mim e o Carnaval? Que coisa!

- Ai, ai, que dor! 



Praia de Candeias/PE
11.02.2015
Ysolda Cabral
Em clima de crise carnavalesca

Para ouvir a música, acesse:



Publicada no Recanto das Letras 
Em 11/02/2015
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domingo, 8 de fevereiro de 2015

ME ABRAÇA


ME ABRAÇA! 
Ysolda Cabral


Há algo em você que me fascina.
Algo que me alucina e apaixona.
Algo que vem de você em poesia,
e que me deixa em êxtase de pura alegria.

Mas há algo em você que me confunde e atrapalha.
Algo que vem da sua voz, quando você fala.
Porém, quando você belas canções canta,
meu coração enlouquece, dispara!...

Não sei se você é um, dois, três ou quatro.
Eu só sei que em mim você se acha...
E não há mais nada que eu possa fazer,
a não ser admitir que amo, amo muito você!

Então lhe rogo: Me abraça!

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Praia de Candeias-PE
Porque hoje é sábado.
Em 07/02/2015

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