terça-feira, 30 de junho de 2015

AINDA BEM QUE NÃO SOU SUPERSTICIOSA!




AINDA BEM QUE NÃO SOU SUPERSTICIOSA! 
Ysolda Cabral



Por várias razões o domingo sempre me deixa triste e desde que mamãe se foi, mais ainda. Já tentei várias vezes o sentir de forma diferente, contudo não tem jeito. O domingo sempre me deixa triste, chateada e sempre acontece coisas ruins e inesperadas comigo nesse dia... Coisas difíceis de entender como meros acasos, coincidências... E quando a gente, que nunca quebra nada, – afora promessas bobas – de repente, no domingo, quebra uma peça de cristal, assim do nada? - É mesmo de arrepiar! E, apesar de não ser superticiosa, um fato desses não pode ser desprezado! - Não desprezei.

Juntei todos os cacos com cuidado para não me cortarem, – o que não seria difícil e nem de surpreender -, os coloquei dentro de uma sacola, sem esquecer que a minha sábia bisavó dizia convir pôr sal grosso de cobertura num conteúdo assim, antes de destiná-lo ao lixo. Depois, para sacramentar o ''bota-fora'' do mau agouro, mau presságio; corri para o banho, com enxágue de alfazema, reza fervorosa do Pai Nosso e da Ave-Maria.

Sentindo-me um pouco mais aliviada, resolvi ser prudente e ir até o Mar me benzer. Mas, ao tentar sair de casa, dei de cara com um gato preto. - Recuei ligeiro!

Inquieta e me perscrutando o que mais poderia acontecer antes do sol posto, me descobri em remorso, dos mais pesados, relativo ao gato preto, que agora já me parecia um gatinho frágil e indefeso. Foi quando escutei o burburinho dos passarinhos e vi, num relance, algo escuro a cruzar o muro, deixando pequenas penas a voarem no vazio. - Ah, desgraçado!

Resolvi esquecer o meu infortúnio e, após me solidarizar com a dor dos meus vizinhos, fui tentar compor uma canção, um poema qualquer. Foi quando percebi a poesia revelar sentimentos que, decididamente, não eram meus.

- Só podia ser domingo! 

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Praia de Candeias-PE
Botando fora ''maus agouros"
Em 30.06.2015


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domingo, 28 de junho de 2015

FALANDO DE MIM



FALANDO DE MIM 
Ysolda Cabral 


Queria compor um poema,
um poema que falasse sobre mim.
E como nada me ocorre de bom,
vou falar do que há em mim de ruim.

Ah, sou mesmo uma coisa sem jeito!
É verdade que sem maldade no peito.
Mesmo assim, não faço nada direito!
E a cada dia mais me distancio do perfeito.

Sem sair do lugar, planejo ir longe!...
Porém, com o pensamento a dar defeito,
de lonjuras deslembro do conceito
e me vejo voltar. Não vou avante.
Estou de mim fadada a ser distante!

Queria tanto compor um poema, uma poesia!
Mas, sem inspiração fica tudo sem graça,
nenhum verso serve de nada, nem para terapia!
Eu só sirvo mesmo pra chorar e dar risada,
enquanto a minha vida por mim passa,
e eu, falando de mim, vou ficando calada...




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Praia de Candeias-PE
Em auto-análise de domingo
28.06.2015


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sábado, 27 de junho de 2015

SOL INVISÍVEL


SOL INVISÍVEL
Ysolda Cabral



Do sábado jamais enfado.
Porém, quando invisível se põe o Sol,
por conta do Tempo meio irado;
não sinto a falta do canto dos pássaros,
como sinto do teu beijo e do teu abraço.
Ah, não quero estar nesse arrebol!

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Praia de Candeias-PE
Num Entardecer de Saudade
27.06.2015

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sexta-feira, 26 de junho de 2015

ESPERANDO SÃO PEDRO



ESPERANDO SÃO PEDRO
Ysolda Cabral



Depois de tanta festa, com muita chuva atrasada merecendo a culpa pela maioria do milho ter sido potiguar, os fogos de artifício silenciaram e os dias voltaram a ter cara de dias iguais.

Entretanto, o Céu amanheceu repleto de carneirinhos, todos de São João, a se esquentarem sob um Sol meio acanhado.

Respirei fundo o ar do meu Mar de Candeias, e percebi as belas ondas ostentando babados de rendas brancas varridas dos vestidos matutos das Sereias, justamente no instante em que eram jogados na areia da praia para secarem ao suave sopro do Vento! 

Recolhi-os e guardei no armário da minha memória, sabendo que nenhuma Sereia iria querer repetir o mesmo vestido já vestido em festa passada. Nem em mil anos! 

E, entre o pasto celestial de carneirinhos de São João e as ondas rendando o branco do babado dos vestidos das Sereias, pego-me olhando o meu Mar, da janela, parceiro das esperas de São Pedro, pensando: 

Vou esperá-lo num hotel fazenda, numa chácara qualquer, ou no mundo da minha residência. Farei pamonha, canjica, milho verde cozido, pé de moleque... Farei tanta comida, que ele não há de dizer que foi pouca! Cantarei e dançarei, alegremente, seja em assoalho de cerâmica, ou de barro batido, vestida de chita cosida em Caruaru. Tem mais! Cabelos entrançados, pintas e ruge nas bochechas, e , na boca, o beijo de um batom. Somente para ele me achar bonita! 

E, como o meu coração vive em chamas, não vai ser preciso pensar em fogueiras. Ah, São Pedro, tomara que você chegue logo!

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Praia de Candeias-PE
A espera de São Pedro
26.06.2015



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quinta-feira, 25 de junho de 2015

APENAS UM PENSAMENTO



APENAS UM PENSAMENTO
Ysolda Cabnral


Hoje eu queria compor uma canção leve,
que falasse de coisas amenas e suaves,
que à superação da saudade me levasse, 
mesmo que esse estado fosse breve.

Hoje eu queria a paz que enternece.
A paz que vejo no Mar em repouso,
na tarde chuvosa que mal anoitece.
Ah, coração que não deseja pouco!

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Praia de Candeias-PE
Em frio Entardecer
25.06.2015



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terça-feira, 23 de junho de 2015

TRÁGICO CÔMICO



TRÁGICO CÔMICO 
Ysolda Cabral



''Nada pode estar tão ruim que não possa piorar!''

Falou a Tê Lima com ar de quem sabe que não se deve reclamar da sorte. Contudo, ponderou: ''Tim Maia tinha razão ao afirmar, em sua belíssima canção, ''Azul da Cor do Mar:'' que, um nasce pra sofrer enquanto o outro ri.''

Com ares meio indecifrável, contou: '' Hoje amanheci feliz da vida e senti que o dia seria perfeito, apesar da nuvem negra que se formava sobre a cidade do Recife. Levantei-me cedinho e depois das tarefas rotineiras de uma dona de casa que trabalha fora, ao tentar sair de casa; quebrei a chave dentro da fechadura da porta. Fiquei presa. - Precisei chamar o chaveiro!

E continuou a contar...

''Quando cheguei no trabalho recebi o contra-cheque, a menor, em função de uns dias trabalhados e esquecidos de registro do ponto. Depois de tudo esclarecido e garantida a reposição, no tempo hábil, provavelmente depois do São João, fui ao banco pagar as contas e retirar algum (se sobrasse). Queria comprar milho, por sinal, com preço pela hora da morte,(R$ 40,00 a mão)!

De volta do banco, que se dizia inoperável por tempo indeterminado, com a bolsa cheia de contas pendentes de pagamento, - a de energia elétrica, inclusive -, e sem um tostão, tomei um baita banho de chuva, enquanto rezava para não adoecer e nem passar o São João no escuro.

- Agora me responda, Ysolda: eu mereço, tudo isso, num curto espaço de tempo de uma manhã, apenas?''

Caímos as duas numa risada gostosa e divertida!

Quanto ao pensamento do Tim Maia, sem discordar dele, evidentemente; a gente do ''sofrer'' sofre, mas sorrimos, com facilidade dos nossos próprios infortúnios, e sempre damos um jeito de dançar em qualquer ritmo e com muito amor.

- No do forró? Mais fácil ainda!

Um bom São João para todos e sem ''sofrência''!

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Praia de Candeias-PE
Sonhando ser ''País de Caruaru''
Em 23.06.2015


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domingo, 21 de junho de 2015

MEU TERÇO E O MEU VIOLÃO

Foto: Ysolda

MEU TERÇO E O MEU VIOLÃO
Ysolda Cabral


Normalmente o dia de domingo me deixa triste, mas quando ele começa a morrer, mais triste me sinto. Isso não parece contraditório, totalmente descabido? E quando ele morre, como agora, num silêncio suspeitoso?… Chega a me dar arrepios. - Valei-me minha Nossa Senhora de Aparecida!

O Mar, todo sábio e convencido de sua força, não se abala, porém sei que me compreende e não debocha. E é em horas assim que o vejo mais amigo a murmurar ondas de acalantos tranquilizadores para mim.

De qualquer forma, pego um tercinho, presente de minha irmã Inára e começo a rezar em afinada ladainha, mas me perco devido o feitio igual de suas contas. - Fico exasperada!

A aproximação da noite me apavora. Recorro ao meu violão, o encontro de corda partida num canto da sala. - Que decepção! Deixei-lhe o terço de companhia...

Entretanto, amanhã é segunda-feira e vou ter tempo de comprar um acordoamento novo, para que ele possa vir a ser minha ''sanfona'' de São João, além do meu par, na quadrilha da minha infinita solidão…

Quanto ao tercinho, é só fazer a ladainha com auxílio visual que as súplicas chegam aos Céus....

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Praia de Candeias-PE
Sem bandeirolas e sem balões
Em 21.06.2015





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sexta-feira, 19 de junho de 2015

GOTAS DE LUZ ( APENAS UM PENSAMENTO )

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GOTAS DE LUZ
Ysolda Cabral 


No brilho que o Sol da manhã
acrescenta em cada gota de orvalho
a tornando luz, me perco no tempo.

E o espaço, entre o antes, o agora
e o depois desaparece, 
para dar lugar a consciência de que,
algo extraordinário realmente nos conduz.

E, nessa milésima fração de segundo,
unos à Uma Única e Perfeita Existência,
sinto toda a grandeza do Seu Amor... 

Eu creio! 

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Praia de Candeias-PE
Em oração pelos que sofrem
Em 19.06.2015


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domingo, 14 de junho de 2015

SÃO JOÃO DE CARUARU - TÔ CHEGANDO !






SÃO JOÃO DE CARUARU - TÔ CHEGANDO! 

Ysolda Cabral 



Estou pensando, como penso (pensamento penso) todos os anos, em passar os principais dias dos festejos juninos, véspera e dia de São João, em Caruaru, minha terra do Forró, bem forrozado, do Baíão bem baiãozado.

No meu pensamento penso e está decidido, proclamado e a bagagem já está feita: Yauanna, no banco da frente, animada que nem pintinho; no banco traseiro, minhas irmãs Inára e Iris. Quanto a Ilo e a sua Ângela, vão ter que ir em outra freguesia, juntamente com Yara e sua prole, pois a sobra que há, é para levar, afora as mudas de roupas matutas, uma barraca de camping, para acampar, bem no meio da praça do forró, caso a gente não arranje onde ficar, até porquê meu carro não é ônibus.

E, enquanto o São João não chega, estamos indo e vou logo avisando: vou botar pra quebrar e vou fazer o meu povo lembrar como se fazia um São João animado, daqueles dos antigamentes – poxa, já sou dos antigamentes? ... - Bom, nem tanto assim! As coisas é que se “modernizaram’’ depressa demais. Vou procurar um bom puxador de quadrilha, que nem no meu tempo de mocinha, e se na quadrilha eu me arranjar, fico por lá e Yauanna que conduza a bagagem de volta.

Agora, só uma coisa me preocupa: como sou muito organizada e para não esquecer de nada, fui logo me despedir de um certo Poeta e ele, sem pedir licença, cismou de se fazer bagagem, também. Disse para eu arrumar espaço, inclusive, para as suas duas camisas xadrez, duas calças jeans, um par de alpercatas e um chapéu de couro cru com rabicho, além dos seus Engov, Epocler, Metiocolin, Xantinon e Extrato Hepático e pasmem: uma máscara preta para sonhar escuro, tapa-ouvidos e dois pares de halteres, de 3 e 5 quilos, para a peleja contra a ressaca. - É mole?...

Neste ponto eu paro o pensamento e ele mais penso que nunca pensa: e se o Poeta se engraçar de uma matuta bonita, que na minha terra tem de “móio”, de '' tuia''? ...

- Ô homi, quer saber: desce todo mundo do carro. Tem São João mais não!

- Que coisa! 

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Praia de Candeias-PE
Nos Embalos Juninos 
Em 14.06.2015

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Para acessar o forró de fundo, acesse:

http://www.ysoldacabral.prosaeverso.net


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sábado, 13 de junho de 2015

NO QUE ESTOU PENSANDO?



NO QUE ESTOU PENSANDO?
Ysolda Cabral




Estou pensando que, quando não existir mais nada para fazer, ainda me resta escrever. Como agora que a solidão devora; que o dia está lindo e eu não me animo para ir lá fora. Agora que faltou energia, o ventilador parou, a TV desligou e tudo parece sem alegria, escrever me parece uma maravilhosa companhia: A companhia das mal traçadas linhas e já não me sinto sozinha. Entretanto, se nada me ocorrer para escrever, ainda posso ficar quietinha num canto, escutando o canto dos passarinhos ou ir até a janela e desfrutar da companhia do meu velho Mar.

O que mais posso desejar depois da noite mal dormida de ontem, noite do ''Dia dos Namorados'', e amanhecer cheia de marcas de mordidas? ...

- Ah! Quero um inseticida que mate pernilongos, mas que não mate, de maneira alguma, nenhuma esperança.


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Praia de Candeias-PE
Em voluntária reclusão...
13.06.2015






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sexta-feira, 12 de junho de 2015

DIA DOS NAMORADOS



Foto: Ysolda 



DIA OS NAMORADOS 
Ysolda Cabral 



O dia está quieto, acinzentado, tristonho… Com vontade de chorar. Olhando bem a ''cara do tempo'', intuo que isso vai acontecer a qualquer momento, porém o clima está ameno. O que impressiona é o silêncio, tão pouco comum por aqui.

O Mar está aparentemente sossegado. - Sei que ele tem dessas coisas, motivo de muitos o temerem por entenderem ser ele um dos mais traiçoeiros elementos da Mãe Natureza. Eu, respeito! Cada um tem seu jeito...

Entretanto, acho tão estranha a maneira de ser da maioria das pessoas de hoje em dia, num dia como o de hoje!….

- Cadê o romantismo? Cadê os casais enamorados? Cadê os símbolos que sinalizam que o amor está no ar? Cadê as meninas-moças, ansiosas por saberem com quem irão casar? Cadê as adivinhações? As súplicas e preces ao Santo Casamenteiro? Cadê os sonhos, a esperança, a pureza dos sentimentos nos encontros?...

- Acabou tudo? Não existe mais nada de profundo, verdadeiro, único e especial?

- Ora, se a maioria das flores apodrecem nas floriculturas, quando nem deviam sair dos seus campos; os jantares à luz de velas, continuam tendo a solidão como moldura, mesmo no '' Mundo Virtual’'' ou no '' Mundo Poesia’'', que graça pode haver num dia como o de hoje para a grande maioria?

Não sei não!… Acho que precisamos rever nossos valores.




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Praia de Candeias-PE 
Querendo se vestir de namorada... 
Em 12.06.2015 



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''Dia dos Namorados em alguns países conhecido como Dia de São Valentim1 2 3 4 , é uma data especial e comemorativa na qual se celebra a união amorosa entre casais, namorados e em alguns lugares até com amigos. Sendo comum a troca de cartões e presentes com símbolo de coração, tais como as tradicionais caixas de bombons. Em Portugal, assim como em muitos outros países, comemora-se no dia 14 de Fevereiro. No Brasil, a data é comemorada no dia 12 de junho, véspera do dia de Santo António, também conhecido pela fama de "Santo Casamenteiro".''Veja:http://pt.wikipedia.org/wiki/Dia_dos_Namorados


Em tempo: Ao terminar de redigir esta crônicazinha, o Tempo abriu e de maneira linda e impecável.

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terça-feira, 9 de junho de 2015

REALIDADE IMUTÁVEL




REALIDADE IMUTÁVEL
Ysolda Cabral



Preciso de blindagem especial,
muito mais que (a) normal...
Ela deve ser à prova de emoção,
como convém ao meu coração.

Coração com mola artificial.
Seu toque não é mais natural! 
Chega de loucura, de paixão!
Ele não suporta mais desilusão.

Preciso de blindagem especial!
Ah, pressão arterial! …
Hoje estou consternação.
 Como existir vida sem razão?

Preciso de blindagem assistencial,
que permita um mundo sem igual,
onde o amor seja a condução,
para uma realidade imutável e sem afetação.

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Praia de Candeias-PE
Questionando as novas condições
Em 09.06.2015

domingo, 7 de junho de 2015

MAIS UMA CHANCE




MAIS UMA CHANCE!
Ysolda Cabral



Abro os olhos e meio atordoada não sei onde estou. Também não sei se o dia anoitece ou amanhece. A minha direita, uma enorme janela de vidro, porém a chuva não permite que eu veja o que há lá fora. Não ligo. O ambiente é estranho. Todo branco e verde-claro, espaçoso e repleto de coisas que não identifico. De repente escuto alguém cantando uma canção desconhecida. A canção é bonita e a voz entoada me lembra a de alguém muito querido. Sorrio e tento levantar. Não consigo. Minha perna direita está amarrada a cama de colchão ''encalombado'' e tenho vários fios no peito. Minha mão esquerda está com acesso para medicação intravenosa. Acho estranho, mas não me assusto. Meus pés estão gelados, extremamente gelados. Alguém os enrola a uma manta bastante grossa e quente – como estou sendo bem cuidada! Sinto-me agradecida e volto a dormir. Acordo bem mais tarde, ou logo depois – não sei precisar. O tempo parece parado à espera da vida. O meu coração bate tranquilamente e sorrio feliz. Sei onde estou e sei que mais uma chance me foi dada e por ela a Deus agradeço.

Na tela do monitor de TV, bem à minha frente, um beija-flor dorme, de papinho pro ar e ronca. Então me pergunto: será que ele também tem stents?…

- Estou consciente! 

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Praia de Candeias-PE
Em 07.05.2015
Agradecida a toda Equipe
do Hospital Unimed III
e aos Drs. Sérgio Martins,
Luiz Alberto Mattos e
Jorge Luiz Lorena 


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segunda-feira, 1 de junho de 2015

APENAS FLOR






APENAS FLOR
Ysolda Cabral


Hoje sou apenas Flor
Uma Flor qualquer
Nascida em qualquer lugar
Não tenho nome
Não tenho cor
Mas tenho beleza
Sou delicada e bem faceira
Meus espinhos são feitos
De goma elástica
Para não machucar
Apenas jogar longe
Quem de mim se aproximar
Meu perfume se espalha
Por todos os lugares
E se você fechar os olhos,
Respirar bem fundo
Sentirá minha fragrância
E ficará a mercê dela
Por que hoje sou Flor
Flor que não serve para nada
Só para homenagear
O AMOR.

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Praia de Candeias - PE
Comemorando hoje 07 anos
de Recanto das Letras 

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Caros amigos e leitores,

Com a poesia, acima, inúmeras vezes republicada, cheguei há exatos sete anos no Recanto das Letras,  para viver grandes momentos e grandes emoções, neste mundo maravilhoso que é o da poesia. Cheguei com a foto que hoje volta ao perfil, para lembrar aquele dia.

Obrigada pelo carinho com que todos me receberam, pelas leituras e pelos comentários sempre gentis. 

Abraços, 

Ysolda 

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