domingo, 30 de agosto de 2015

QUANDO PENSO EM VOCÊ ...






QUANDO PENSO EM VOCÊ... 

Ysolda Cabral



Quando penso em você...
O Mar fica quietinho,
com ondas que ondulam 
beleza,energia e muita calma.

A areia fica firme e uniforme, 
com parecença de pista, ou de calçada
a espera de nossas caminhadas, 
em comunhão com a alvorada.

Quando penso em você...
As gaivotas silenciam, 
voam alto e bem baixinho ,
em exibição para nos agradar.

Quando voltam das cambalhotas,
alegres e brincalhonas,
quase mergulhando no Mar, 
conferem se estamos a lhes apreciar.

Quando penso em você...
O Vento, cantador de segredos,
cala-se, mas não resiste aos meus cabelos:

Pois não é que ele pára,
somente para os acariciar!

Quando penso em você...
Ah, eu amo tanto e sou tão amada!...

- Então, que tal irmos para o Mar?

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Praia de Candeias-PE
Em devaneios de final de domingo
30.08.2015



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sábado, 29 de agosto de 2015

SÓ...RINDO!


SÓ...RINDO!

Ysolda Cabral 



O sábado amanheceu quieto,
Com os raios de Sol brilhando forte.

Curiosamente não faz calor,
O dia está um verdadeiro esplendor!

Convidativo e muito cativante,
Daqui do meu “santuário,”
Escuto o cântico dos pássaros...

- Lindo!

O coração querendo ir avante,
Arrebentando de tanta saudade,
Ressoa em acústico,
Inexplicavelmente enviesado...

- Vindo!

Na mente uma decisão;
Ainda embrionária,
Fecundada sem precipitação.
Se, tomada, será extraordinária...

- Só... Rindo!

Refere-se a ele, o meu coração,
Que precisa sair do compasso,
Do “Tambor do Encantado”,
Para bater compassado,
E sem nenhuma ilusão.

- Findo.

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Praia de Candeias-PE
Em 29.08.2015
Num sábado silencioso

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

BORRÕES DE ROSAS





BORRÕES DE ROSAS 
Ysolda Cabral



Rosas vermelhas, brancas, azuis e amarelas,
expostas na avenida, em velhas latas de tinta,
na noite de lua, oferecidas por uma bagatela?
Olhem para elas!... São borrões de rosas!
Nenhum real ninguém dará por elas!

Prepara o banho, a mesa, a cama...
Joga as flores fora! Elas estão secas, mortas.
Chega de vaidade e fantasias tortas...
Ô mulher, toma tento! Acomoda-te! 
Não vês o adiantado da hora?...

Olha, vou te contar um segredo:
Ninguém quer saber de teus fracassos, 
muito menos de tuas supostas conquistas.
Coloca isso na tua cabeça e vê se te aquieta!

Não é o medo da realidade que te devora...
É tua estupidez em insistir numa velha história,
acontecida só na tua cabeça, em crise de agora.

Ah, vê se não demora a sair dessa, menina!
Não vês que nunca foste amada e nem querida?
A hora é de sumir! Ir embora!
Adeus, ou, quem sabe, até outra hora?
Ah, vê se não nos amola!...

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Apenas Ysolda
Praia de Candeias-PE
Em 28.08.2015
(Sexta-feira)

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UM COCHILO SOB AS ONDAS





UM COCHILO SOB AS ONDAS 
Ysolda Cabral



Depois de uma repousante noite de sono, sem sonhos, acordei para um dia repleto de alegria e muita luz. Corri para praia, alegre feito criança. O dia, vestido de azul, verde e prata, estava lindo!

O Mar, plácido como nunca, me recebeu, me envolvendo, suavemente, e me cobriu com uma onda azul, rendada... Senti-me acariciada, cuidada e naquele abraço, dormi mais um pouquinho. - Até que acordei!

Pedindo desculpas a areia, por não lhe fazer um castelo, devido ao adiantado da hora, voltei para casa, deixando algumas ondas, meninas, meio decepcionadas de não terem castelos para brincarem de derrubar, ao me verem pelas costas.

No trajeto, além de observar e absorver cada detalhe oferecido pela Mãe Natureza, fosse através das árvores, do canto dos pássaros, ou das cores do Mar e da manhã; vi um senhor, meio gordinho, de fones no ouvido, tocando uma guitarra, imaginária, na calçada, enquanto aguardava uma jovem mãe, ciclista, atravessar a avenida, com a filha no bagageiro, verdadeira replíca dela. - Lindas!

De repente, escutei uma voz, risonha, me avisando ter o semáforo aberto pra gente atravessar o cruzamento.

Eu fui para um lado e a voz para o outro. Contudo, me lembrei de olhar para ver a quem ela pertencia e vi uma bela senhora que, levada pelas mãos do marido, seguia contente da vida.

Feliz, lhe acenei em agradecimento e segui o meu caminho, lembrando que, para ser feliz, a gente não precisa de muito...

Basta olhar ao nosso redor, ver como a Vida é linda e agradecer. 


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Praia de Candeias-PE
Num dia azul
26.08.2015 

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FRAGILIDADE



FRAGILIDADE
Ysolda Cabral 


Fragilidade há no orvalho,
Sob o Sol da manhã.

Fragilidade há na noite escura,
Sem pirilampos e sem Lua.

Fragilidade há no banhista,
Que não respeita o Mar.

Fragilidade há no doente,
Sem família e sem plano de saúde.

Fragilidade há naquele que possui muitos tetos,
Quando nega um simples abrigo.

Fragilidade há naquele,
Que nega um pão ao faminto.

Fragilidade há na velhice,
Sem aposentadoria digna.

Fragilidade há no menino de rua,
“alimentado de pedra”...

Fragilidade há na Flor,
Abandonada num canto qualquer.

Fragilidade há no bem-querer,
Quando não é amor.

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Praia de Candeias-PE.
Em reflexão... 
26.08.2015


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terça-feira, 25 de agosto de 2015

UM SINCERO APELO!





Eis um dos mais belos presentes de Deus! ... Amo tanto o Mar que só de olhar para ele já me sinto grata e muito feliz. Perto dele não me sinto sozinha! Adoeço só de pensar no quanto as pessoas o ignoram e maltratam... Outro dia, caminhando pelo calçadão da Praia de Boa Viagem, observei que as pessoas, que também caminhavam, nem um olhar lhe dirigiam! Chorei de tanta tristeza. Como não olhar e agradecer por tão grandioso presente de beleza, de Vida e de Luz?!

- Por Deus, não maltratem o Mar!


Ysolda Cabral



domingo, 23 de agosto de 2015

VIDA REALIDADE



VIDA REALIDADE 
Ysolda Cabral 


No entardecer de um domingo,
Por sugestão de um amigo, reflito
sobre a realidade, sobre a fantasia...
E dispo a Vida das vestes da poesia.

Mesmo despida não consigo vê-la feia!
Mas não vislumbro solução para um planeta,
já tão destituído de paz e de beleza ...
Poucos se preocupam com a Mãe Natureza!

A cada dia destroem mais um pouquinho, 
entristecendo o canto dos passarinhos...
Poluem os rios, os mares e matam a flora,
a fauna condenando a Vida a não ser Aurora. 

Por isso só vejo a Vida com os olhos da poesia.
Deprimem-me os homens maus e suas alegorias! 
Não gosto de ler notícias, nem em jornal já lido!... 
E se o “meu Mar’' está sujo e feio, só o vejo bonito.

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Praia de Candeias-PE
Em maresia de Vida Poesia.
22.08.2015


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sábado, 22 de agosto de 2015

SUSPIRO



SUSPIRO
Ysolda Cabral


Ah, Suspiro, como te preciso! 
Sinto cheiro de Mar e de lírio. 
A Vida foi feita para encantar...

Ah, Suspiro, como te preciso! 
Teu dulcíssimo sabor,
invade-me e te repito...

Ignoro fácil o aviso do perigo!
Repito, repito, repito... Grito:
Se me fizeres mal, te xingo!

Cansei de nadar no vazio do nada.
Tanto desencanto, quase me mata. 
Ah, encomendada emboscada!...

Ah, Suspiro, não vá acabar agora!
Suplico-te, por Deus e Nossa Senhora.
Espera o tempo desapaixonar!...

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Praia de Candeias-PE.
Em doce sábado a noite
22.08.2015


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sexta-feira, 21 de agosto de 2015

APENAS EU






APENAS EU

Ysolda Cabral 



Precisava arrumar a minha “casa”
Para entrar nessa nova viagem.
Deixando tudo organizado
Sem deixar nada de errado.

Achar lugar para guardar tudo,
Não foi fácil de encontrar.
Como por exemplo, a juventude que,
Guardei no recipiente da lembrança
Bem fechado e em local arejado
Para noutra ocasião usar.

Os sonhos, as fantasias e as quimeras
Meus “bibelôs tri-gêmeos” mais ricos e preciosos
Os levei para o mar e lá os deixei para as Sereias
Se enfeitarem em noite de lua cheia.

A beleza, a vaidade nunca admitidas
E os desejos efêmeros
Joguei na lata do lixo dos supérfluos sentidos
Sem relutar e sem remorso
Confesso até que, com certo alivio.

A esperança,
Deixei na varanda de minha “casa”
Para quem quiser com facilidade levar
Sem precisar de ninguém ter que roubar.

Na minha bagagem levarei apenas eu
Vazia, sozinha, repleta do nada
Contudo com pés firmes na estrada
Por onde não passa o “Transporte Poesia”
Todavia por mim passa
A certeza de querer voltar um dia
Para a mesma minha morada!

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Praia de Candeias-PE.
Entardecendo o sábado
21.08.2015


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21/08/2015 18:26 - gajocosta

Bela construção, auto-análise profunda de quem está de partida, claro, poeticamente. Realmente, caríssima Ysolda, para esta viagem sugerida, melancólica porém bem planejada, sua arrrumação foi perfeita. Mas, creia, esta viagem você está marcando com absurda antecedência, e já programando a volta! E com tal emotividade que pega o leitor de surpresa pela leveza dos versos! Belo e consistente. Um grande abraço, José

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

EU E MINHA ALMA





EU E MINHA ALMA
Ysolda Cabral



Estou pensando, neste momento, que gostaria de ser diferente daquilo que sou e isso não tem nada de anormal. Todo mundo, em algum momento da vida, quer ser diferente do que é. Anormal seria não querer ser diferente. Partindo desse princípio, posso continuar a escrever o besteirol que eu quiser, sem correr o risco de no final me julgar e condenar ao completo silêncio vida afora. Sei que o meu caso é sério e sem solução. Mas, afinal do que estou falando? Falo das coisas abstratas, surreais que me inquietam... Coisas que ninguém entende e nem eu, mas estou tentando e tento a todo o momento entender. Sei que compreender a alma é bem complicado!... E, quando ela não acompanha a gente, no caminhar do implacável Tempo e fica a nos instigar a fazer o que ela quer todo o tempo e a toda hora? É muito mais complicado! Ora, já não sou menina, mas ela é! E é exatamente por aí que começa o nosso desencontro, o nosso desentendimento, a nossa estranheza, a nossa desarmonia... Quero dormir e ela quer sair para passear, voar sobre as montanhas, sobre o Mar, sobre qualquer lugar que não seja o universo do meu habitat... Ela quer ir até ao infinito do Céu, quando azul de encantar, sem se importar se voltará... Não tenho asas e ela não compreende isso por mais que eu tente lhe explicar.

- Ah, alma doida essa alma minha! Será que ela se contentaria com uma simples asa-delta?


Praia de Candeias-PE
Em devaneios de 5a.Feira
20.08.2015

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SURREAL REAL



SURREAL REAL 
Ysolda Cabral


(I)limitados no mundo da poesia, 
sonhando sonhos de vida real, 
entre a saudade, a tristeza e a alegria, 
vivemos, intensamente, uma vida surreal. 

Criamos e reinventamos linda sintonia
de coerência e harmonia sem igual! 
Ora somos brisa cheirando maresia , 
ora vestimos vestes da aurora boreal. 

(I)limitados no mundo da poesia, 
compondo verso puro e virginal, 
inspirado na hora da Ave-Maria, 
construímos um contraditório ideal. 

Ah, mundo fascinante esse da poesia! 
Tão fantasioso e tão fenomenal!... 
Mas, se nos desnudássemos da fantasia, 
será que saberíamos viver vida real?...


Praia de Candeias-PE
Em devaneios no Parnaso
20.08.2015


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UMA ESTRELA NO CÉU



UMA ESTRELA NO CÉU
Ysolda Cabral


Morávamos todos em Caruaru e, em certa ocasião, minha avó materna, Cecília, que residia aqui no Recife, hospitalizou-se, e mamãe veio para cá ficar com ela por alguns dias. Contudo, esses alguns dias duraram uma eternidade para todos nós - principalmente para papai, que não conseguia disfarçar a saudade. Quando mamãe, finalmente, voltou, ele a presenteou com mais uma canção. Eis a letra:

QUERO VOCÊ PRA MIM
Alírio Cabral


Meu viver, sem você,
Pode ser...
Meu sorrir pode vir,
Sem você...

Mas meu canto
Não pode florir
Sem você, junto, junto
a mim...

Quero você assim,
Quero você aqui,
Quero você pra mim.

Esta é a canção que eu fiz,
Tudo foi emoção que senti,
Quando vi você partir 
E logo sumir,
me deixando só...

Quero você assim,
Quero você aqui,
Quero você pra mim.

Faz seis anos que mamãe partiu para ser ‘’Estrela no Céu’’, e desde então papai, realmente, calou o canto e o violão.

Hoje, se ela aqui estivesse, estaríamos todos comemorando o seu aniversário com muita música. Papai no violão e mamãe no bandolim, tocando e cantando, com sua belíssima e afinadíssima voz, as canções que ele compunha para ela. 

Parabéns pelo seu aniversário, minha mãe preferida. Eu sempre falava assim e ela observava: - Você só tem a mim, minha filha! - e caia na risada, toda feliz da vida!


NUMA ESTRELA DO CÉU
Ysolda Cabral


Quando a noite chega
E as estrelas brilham no céu,
Fico tentando descobrir
Qual estrela lhe guarda.

Todas me parecem belas,
Aconchegantes, amorosas,
Protetoras e conselheiras.

Em qual delas você está?

De repente, lágrimas
Banham o meu rosto,
E do céu vem a chuva:

Lágrimas suas...

Você adorava a chuva, lembra?

Essa saudade, essa falta,
Essa ausência inexplicável de você
É tão grande que,
Neste momento,
Queria ir até você!...

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Minha mãe era linda demais.

Na foto – ela e papai, quando namorados.


Ysolda Cabral
Em reedição
4a. feira 19.08.2015

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segunda-feira, 17 de agosto de 2015

QUANDO ATEUS ORAM



QUANDO ATEUS ORAM
Ysolda Cabral




Como é triste o Entardecer do Domingo! E quando chega a hora da Ave-Maria a tristeza é tanta, mas tanta, tanta, que a única coisa que nos resta a fazer é recorrer à oração. Creio que até os ateus oram, porém bem baixinho para ninguém saber ou escutar seus segredos. No Entardecer do Domingo até os passarinhos se recolhem mais cedo! O silêncio que se instala é tão intenso, que parece silêncio de cortejo fúnebre. Que coisa triste é o Entardecer do Domingo! É a morte mais triste das mortes de todos os dias... Mas, amanhã é outro dia e a Vida recomeça. Que ele venha perfeito, repleto de luz, de cores, de sons, de muita beleza, e de sorrisos para todos nós. Ave-Maria, cheia de Graça...



Praia de Candeias-PE
Na Hora da Ave-Maria
16.08.2015


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domingo, 16 de agosto de 2015

SÁBADO





SÁBADO
Ysolda Cabral


Estou tentando andanças por teus passos,
''nos embalos dos sábados, à noite.’’
À beira mar, me afasto dos fracassos
temerosos do vento, ao seu açoite.

Hoje vou te encontrar! Depois, regresso.
Mas, somente ao sair de sermos dois.
Ao voltar, viverei de amor o excesso,
nosso hoje a beijar-me bem depois!

Se, por acaso, a noite não nos veja
morrerei de desgosto, eu te confesso,
e não perdoarei do vento a inveja.

Ah, meu amado, os passos meus apresso!
O sol se foi, ao Angelus da igreja.
Santificado seja o meu sucesso!

Praia de Candeias-PE 
Nos ''Embalos de sábado à noite”
Em 15.08.2015
Apenas Ysolda


YSOLDA E OKLIMA EM PROSA POÉTICA






O QUE TIRA O MEU SONO?
Ysolda Cabral


Primeiras horas do sábado e eu aqui tentando descobrir o que me incomoda e não me deixa dormir, descansar... Talvez seja o Vento que não para de bater em minha porta, ou talvez o cheiro do Mar a me lembrar Sereias em cantos oferecidos, espalhando desassossego nas areias. - Ah, Sereias desalmadas!... Nessas primeiras horas, que a madrugada traz silêncio que devora, me remetendo às lembranças nunca vividas, apesar de intensamente desejadas, penso em você e me deixo sossegar, à espera do sono que logo chegará.

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Praia de Candeias-PE
Ao som do silêncio
Em 15.08.2015

Sou apenas uma pessoa
que chora e ri de alegria,
tristeza, ou saudade sem pudor.



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sexta-feira, 14 de agosto de 2015

CORAÇÃO EM CÓDIGO MORSE



 CORAÇÃO EM CÓDIGO MORSE 
Ysolda Cabral



Dou graças por não ter pés o coração.
Ele pode até ter asas na imaginação,
E usá-las para voar feito passarinho.
Mas, pezinhos, sei que ele não tem não.


Nunca ouvi dizer que tivesse pés o coração!
Considerando essa inusitada suposição,
Se tivesse pezinhos, mesmo pequenininhos,
hoje, afundaria qualquer que fosse o chão.


E nem é sexta-feira treze! - Ah, maldição!
Sei que foi injustiçado e sofreu difamação.
Como puderam o achar monossilábico,
ao ser Código Morse na sua declaração?


Tem toda razão de bater indignado o coração!
Injustiça e desconsideração trazem muita frustração!
Mas, quem foi o desalmado que o deixou tão irado?
Eu, com certeza, não quero saber não! 




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Praia de Candeias-PE
Em maré de indignação
em 14.08.2015


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quinta-feira, 13 de agosto de 2015

INSÓLITO MUNDO



INSÓLITO MUNDO
Ysolda Cabral


Entre o concreto armado,
perfilado, enfileirado, pontiagudo,
a altura do ego profano e desvirtuado:
o futuro e o passado.

Do lado onde passo,
só meu passo, passo a passo,
em cortejo calado.
Ninguém ao meu lado.

Busco as bases, do concreto debaixo.
Vidas viventes não acho.

Entre o concreto armado,
tudo está confuso, enviesado.
No dia nublado e ensimesmado, 
vago o vago de um lago parado.

Do mesmo jeito que passo,
passam pássaros desnorteados, 
voando na direção de um dos lados.
Seria o do futuro ou o do passado?

Praia de Candeias-PE

12.08.2015


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Código do texto: T5342992 
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sábado, 8 de agosto de 2015

TUDO POR CONTA DE UMA PARTITURA



TUDO POR CONTA DE UMA PARTITURA

Ysolda Cabral



Nesse tempo indeciso, estou aqui a refletir no tanto de vezes que estragamos cheios de boas intenções, os momentos de felicidade genuína das pessoas que amamos, ou que nos amam, ignorando totalmente o significado desses momentos para elas.


Foi num dia parecido com o de hoje que, eu e o meu esposo, levamos nossa amada filha Yauanna, ainda bem menina, a uma sorveteria perto de nossa casa, onde aconteciam todas as tardes de sábado, um karaokê infanto-juvenil. Ela, que nunca havia cantado em público, resolveu participar da brincadeira e nós permitimos cheios de orgulho. Eu, mais ainda, por saber que ela cantava direitinho, já que cantávamos juntas quase todo dia.

Escolhendo a canção “Catedral” de Zélia Duncan, pegou o microfone e começou a cantar timidamente e para minha surpresa muito desafinada. Ao correr em seu auxílio; a inibi, lhe envergonhei e tirei dela toda a alegria daquele momento especial, primeiro e único. Fui criticada e vaiada pela maioria dos pais presentes, menos pelo pai de minha filha, por ser um homem educado e cavalheiro. (Não é porque nos divorciamos, tempos depois, que diria o contrário.) Senti, que ele ficara triste pela filha e mais triste ainda por mim, pois sabia que eu jamais me perdoaria por ter estragado aquele momento especial, mesmo considerando todas as minhas boas intenções.

Lembrando desse fato agora e considerando que, o que estava em questão não era a afinação de sua voz, nem a música e nem nada que não fosse à alegria de uma criança, que vence a timidez e tem coragem de realizar um sonho, por mais simples e bobo que ele possa parecer, sinto o meu coração ainda chorar de tanto arrependimento.

Eu, com toda a minha sensibilidade e amor de mãe, não consegui alcançar, que a desafinação dela, era advinda da grande emoção que experimentava além do quê, por mais criança que ela fosse, e eu a sua mãe, eu não tinha o direito, nem ninguém tinha, de estragar esse momento só dela,por mais que eu achasse que iria ajudar, independente dela ser criança ou não. 

Fiquei de um jeito que ainda hoje não posso escutar a tal canção, que me lembro desse episódio lamentável e me ponho a chorar.

Mas, contudo, todavia, como tudo o que se faz aqui, aqui se paga... Esta semana consegui, inesperadamente, encontrar alguém que, se dispusesse a fazer a partitura, de uma canção de minha autoria, há muito pretendida e nunca realizada, por razões sem nenhuma explicação e/ou entendimento lógico. Tentei várias vezes e sempre alguma coisa dava errada e eu deixava pra lá, mesmo considerando a possibilidade dela ser ‘’tomada’’ de mim, como aconteceu com algumas canções de meu pai. 

Confesso que não foi fácil gravar, para que o professor de música tivesse condições de fazer à tão sonhada partitura, devido a forte emoção, o violão, (que não era o meu), e a voz, tão diferente daquela que possuía aos 20 anos, me atrapalharam por demais. Enfim, consegui graças à paciência do professor e de sua ajuda com o acordeão.

- Não lembro de quando senti uma felicidade tão grande, tão grande! Eu iria, finalmente, poder registrar minha canção. Que coisa abençoada!

Ao receber cópia da gravação, quis dividi-la com uma pessoa muito especial para mim e ela, agindo da mesma maneira que agi com a minha filha,também cheia de boas intenções, apontou as falhas da minha cantoria, tentando mostrá-las cantando para mim, imitando a minha voz e eu tomei aquela atitude como deboche, e, dos sorrisos intensos de alegria, fui rapidamente para um mar de lágrimas de tristeza noite afora, perdendo, totalmente, o gosto pela canção e pelo sonho que acabara de realizar.

A canção, letra e música, agora protegida de roubo e de plágio, ( único e exclusivo motivo de querer a partitura), será entregue à minha filha e ela faça o que bem entender dela. 

O que importava as falhas da minha voz, do meu violão, na minha própria canção?!... Eu poderia até gravá-la na base do lá, lá lá, ou do assobio!

- Que coisa!
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Praia de Candeias-PE
Num sábado de tristeza e de recordação
08.08.2015


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Em tempo: A Partitura foi feita pelo competente e talentoso professor do Conservatório de Música de Pernambuco, Maurício Cezar, que pode ser contatado pelo seguinte endereço: mauriciocezarnt@gmail.com

Código do texto: T5339307 
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08/08/2015 20:35 - Mauricio Cezar [não autenticado]

Boa noite Ysolda, cada dia a mais que eu vivo aumenta a certeza que não existe o acaso, pois mais uma vez tenho essa certeza! Me sinto honrado em tê-la ajudado com essa musicografia e parabenizo mais uma vez o seu talento. Como te disse aqui em casa, acho que seu violão precisa voltar a soar e algumas aulas de música podem te levar a novos horizontes, facilitando assim suas novas composições. Enfim, foi um enorme prazer ter te conhecido e espero em breve poder te encontrar, quem sabe em alguma parceria musical? Abraços de mais um fã! Mauricio Cezar


sexta-feira, 7 de agosto de 2015

JARDIM FANTASIA

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JARDIM FANTASIA
Ysolda Cabral


Brilha o Sol na manhã fria...
É sexta-feira!
Pássaros, abelhas e borboletas
pairam sobre o jardim fantasia.

Queria tirar uma fotografia...
Estou sem câmara. Que tristeza!
Tragam-me um papel e uma caneta,
na cor vermelha.

Nada de azul e nem de preto!
Dessas cores, hoje, tenho medo.

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Recife-PE
Apenas Ysolda
07.08.2015

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Código do texto: T5338227
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quarta-feira, 5 de agosto de 2015

CANÇÕES DE CORAIS CANARINHOS




CANÇÕES DE CORAIS CANARINHOS
Ysolda Cabral 



Quando o Céu está todo azul,
completamente azul,
sinto tanta falta de uma nuvem branca!...

Quando o Mar está tranquilo,
calmo e bonito que nem a paz,
sinto falta de uma onda mais afoita,
mais voraz...

Quando o dia está lindo,
cheio de calor e de luz,
sinto falta de um pouco de chuva,
que traga o frio aconchego
para um aconchegado gostoso...
Ah, tempo fugaz que me seduz! 

Mas, quando penso em você,
o Céu vira pasto de carneirinhos,
o Mar se agita cheio de alegria e de vida,
as ondas brilham e brincam,
alegres, felizes e apaixonadas,
nas areias de todas as praias!

Quando penso em você,
tudo fica mais que perfeito,
e faz sentido, independentemente
do tempo estar feio ou bonito.

Quando penso em você, 
o coração saltita no peito,
feito passarinho aninhado no ninho,
cantando belas canções de amor,
cantadas nos corais canarinhos.

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Praia de Candeias-PE
Em maresia de amor, de cor e de luz 
05.08.2015 - 4a. feira 

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segunda-feira, 3 de agosto de 2015

PISCADELAS E CARETAS



PISCADELAS E CARETAS
Ysolda Cabral 



Três de Agosto, segunda-feira. O dia amanheceu lindo, lindo, e comigo bem disposta. Depois de uma boa noite de sono, estava pronta para começar a semana com disposição e alegria. 

Ah, como a vida é linda! Como o Mar está calmo e como o Vento é afoito e animado! Brinca com as ondas e elas rolam de rir pelas areias de Candeias, somente para lhes fazer festa. E o Mar nem se importa!

Corro para o banho, me arrumo e me aprumo. Vou até a cozinha e me alimento de alguma bobagem – adoro comer bobagem, principalmente de manhã, quando tenho o dia inteirinho para comer mais.

Resolvo deixar o carro na garagem e ir pra o trabalho de ônibus. Vou para a Parada e ao chegar lá, já encontro muita gente. Não estranho! Fico por ali, olhando os passarinhos, que saltitam nas árvores de folhagens que nos dão uma sombra gostosa.

Aproveito para fazer algumas orações especiais - papai sempre disse que conversando com Deus, debaixo de uma árvore, Ele escuta mais rápido. Nunca perguntei a razão...

Começo as orações, mas divago lembrando da história Bíblica de Jonas. E sorrio baixinho, ao imaginá-lo dentro da barriga do peixe, enquanto a gente desfruta da sombra que ele tanto gostava...

De repente, volto à realidade ao escutar alguém dizer que os ônibus haviam entrado em greve, novamente. - Nossa, logo hoje que as escolas estão de volta às aulas?!

Corro para casa, pego o carro - ainda sem o CRVL 2015 - e lá vamos nós! Na primeira esquina já deu para perceber o trânsito como estava lento. - Tudo bem, não vou me agoniar e nem perder o meu bom humor!

Ligo o rádio e escuto a linda voz do Zeca Baleiro a cantar uma bela canção - que eu já conhecia, porém nunca me detive para prestar atenção à sua letra. Pronto! Chegou o momento. Era, simplesmente, deprimente e de muito mau gosto. No final, o locutor falou o título da canção: '' Garoto de Aluguel'‘. Não era pra menos!...

Depois das mesmas más notícias de todos os dias, escuto a voz da Marisa Monte e suspiro aliviada. Contudo, logo percebo ter ela dado uma nova e horrorosa interpretação para uma das mais belas canções da MPB, ''As Rosas Não Falam'‘, do saudoso e inesquecível Cartola, que deveria estar se revirando no túmulo por conta da afronta.

- Minha Nossa Senhora...!
- Ysolda, Ysolda, se acalma mulher!
- Ok, ok, respondo para mim, cheia de paciência e de boa vontade - mas desligo o ''maledito''' rádio e maldigo a pressa que não me deixou pegar o porta-cds, concentrando-me no trânsito, literalmente parado.

À minha frente um carrão importadão, bonitão, e um idiota a piscar para mim pelo retrovisor. Olho para o lado e ignoro. Mas alguma coisa me cutuca e arrisco olhar novamente, dando de cara com a cara do cara a piscar-me, acintosamente!

Como não poderia deixar barato, comecei a lhe fazer careta de volta. O trânsito começou a fluir. Tentei mudar de faixa. Não dava! Era contínua e eu não podia correr o risco de ser parada pelo guarda de trânsito, que não estava à vista, mas, sabe-se lá!... Tudo comigo acontece! Caprichei nas caretas. De repente percebi que ele não mais olhava para mim e, mesmo assim, continuava a piscar.

A ficha caiu! Era um cacoete, um tique nervoso!!!! Que coisa! 

Numa fração de segundo considerei a situação, a minha situação. Resolvi que, enquanto ele estivesse à minha frente, eu continuaria a fazer careta. Daí, ele não poderia se chatear, nem se enraivecer e nem se entristecer comigo. Afinal, eu era uma sua igual nos infortúnios.

Aí fomos nós, ele de lá piscando e eu de cá caretando. A certa altura ele piscou e, piscando a sinaleira, entrou à direita e se foi piscadelas afora. Suspirei aliviada e parei com as caretas, sentindo todos os músculos do rosto doerem.

Bem feito pra mim! Agosto começou bem...


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Praia de Candeias-PE
Avaliando o dia de hoje
03.08.2015 


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EU E MINHAS FOTOGRAFIAS




EU E MINHAS FOTOGRAFIAS
Ysolda Cabra


Passei toda tarde deste domingo revirando o baú dos meus álbuns de fotografias, e o interessante é que, ao olhar para cada uma delas, vivi tudo novamente. Momentos bons, momentos não tão bons... Refleti sobre um momento em especial, registrado na fotografia que escolhi para ser a principal a ilustrar este texto. Como eu estava feliz! Como eu acreditava no futuro! Como eu acreditava nas pessoas e nos bons sentimentos!...

E como o futuro foi difícil, complicado e malvado comigo! Entretanto, coisas boas também aconteceram, estão acontecendo e ainda vão acontecer, com certeza!

A mais maravilhosa de todas elas foi a chegada da minha filha, para logo em seguida acontecer o meu reencontro com a poesia, depois de mais de vinte anos escrevendo, apenas, cartas comerciais, contratos e convênios - tudo por conta da minha profissão. Não sei como penso, às vezes, em abandonar ,novamente, a poesia!... (Sou louca, sou boba, sou mesmo Ysolda!)

A foto me chamou a atenção pelo olhar de esperança e confiança no futuro. O tempo passou, e no futuro de agora cheguei chorando, sorrindo, e procurando sempre superar as dificuldades que a vida insiste em me oferecer, ora com tranquilidade, ora me fazendo meter os pés pelas mãos, para depois me arrepender e tentar consertar tudo - na maioria das vezes sem sucesso, infelizmente!

Fui revendo as fotografias, copiando-as com o celular, e as postando no Face, na comunidade do “Pais de Caruaru;” bem como, na minha "linha do tempo". À medida em que assim agia, os amigos conterrâneos iam aparecendo e comentando. E, de repente, lá estava eu vivendo tudo de novo! Valorizando as coisas da alma e do coração, SEMPRE, e a me divertir com os ''que bonita''!...

No final da tarde, eu me sentia leve e feliz de ter chegado até aqui com a cabeça erguida e com a consciência tranquila de quem nunca fez mal a ninguém. 

Com relação à aparência física, nunca dei a menor importância a ela. E hoje, que as marcas do tempo marcam o meu rosto e o corpo meu, continuo a sorrir e a chorar. Porém, não me sinto mais tão sozinha como dantes... Tenho a companhia do meu velho e amado Mar de Candeias e da minha família, que tanto amo.

E aí estão algumas das fotografias para esta vitrine:


Morrendo de tanto sorrir!
Motivo explicitado na foto logo abaixo... 




Colocando a faixa na ''miss fera'' 1975, Fátima Aragão - Faculdade de Direito de Caruaru- PE. A faixa, de papel higiênico, era motivo do meu cuidado máximo para não a destruir, e dos nossos risos soltos.
Os ''trotes" não machucavam e nem matavam ninguém!


Numa solenidade, no IV Batalhão da Polícia Militar, em Caruaru (1974). Alguma coisa me aborreceu. - Olha a minha cara! Jotta Lagos, meu querido amigo e cronista social, tentava, inutilmente, fazer -me sorrir.,,



Aos 15 anos, numa apresentação no Colégio Sagrado Coração de Jesus, com a minha professora, Zilda Almeida, segurando o microfone para mim... 




Noite de baile de gala, aniversário de Caruaru, no Clube Intermunicipal ( 1974), quando fui escolhida para representar Caruaru no Miss Pernambuco, aos 20 anos. À minha esquerda as ilustres amigas: Julieta Prestelo, Terezinha Macedo e, à minha direita, mamãe ( Dilça) e Terezinha Amorim. Todas, hoje, Estrelas no Céu à espera de mim.

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Praia de Candeias-PE
Em tarde de recordações
02.08.2015

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UMA ORAÇÃO DE AMOR

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UMA ORAÇÃO DE AMOR
Ysolda Cabral 



A paz, finalmente, toma conta de mim,
ao som do chorinho de um bandolim
- sua suavidade desesperada quase sendo
uma oração de amor e de saudade!...

Saudade de minha mãe, sentada ao terraço,
da nossa casa, tocando o seu bandolim
e cantando as lindas canções
para ela compostas por meu pai.

Hoje, o seu bandolim, em minha sala,
é objeto de lembrança e de decoração.
Olho para ele, sem coragem de tocá-lo,
até porque não sei a sua fala...
Só faço, mesmo, limpar e lustrá-lo.

A poeira da estrada lá de fora, que por ele passa,
é a poeira do tempo que cisma em ficar,
seu acordoamento fazendo enferrujar,
seu brilho empoeirando, por pirraça.
Mas brilhoso há de ser. Sempre haverá!

Só peço a Deus um pequeno favor:
não me tire a capacidade de ouvir e de sentir a música
e a poesia, que há nos quatro cantos da vida!...
Mesmo sendo ilusória, com ou sem rebeldia, não importa.
O que não posso perder é a minha sensibilidade,
a capacidade de amar e de sentir a alegria
de ser e de aqui ainda estar.

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Praia de Candeias -PE
Primeiras horas do dia 02.08.2015
Domingo!

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ELE E EU





ELE E EU 
Ysolda Cabral



O dia nasceu bem de mansinho,
igual a bebê passarinho
que, ainda não sabe voar, 
precisa da mãe para lhe cuidar.

A Mãe Natureza compreensiva, sorriu
com muito amor e carinho.
E, um pouco mais de aconchego permitiu,
lhe deixando dormir mais um pouquinho.

Vendo o dia do seu gesto se aproveitar,
e o seu estado de preguiça aumentar,
resolveu lhe banhar com água fresca a jato.
Banho sem parecença com o de gato!

Com ele acordou, levantou, brilhou!
Sua mãe orgulhosa e arteira,
amante do Mar, para ele piscou,
contando o quanto estava satisfeita.

E foi assim que o Dia hoje nasceu.

Ele e eu!...

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Praia de Candeias-PE
Numa 6a. feira nublada, porém linda e 
aliviada de Julho chegar ao fim.
31.07.2015


Para escutar a música de fundo, acesse:

Código do texto: T5329723 
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ACONTECIMENTOS INUSITADOS


ACONTECIMENTOS INUSITADOS
Ysolda Cabral


Os acontecimentos mais inusitados me ocorrem. Parece até que atraio o estapafúrdio! Senão, vejamos: Ontem, na volta para casa, do trabalho, apesar do cansaço, resolvi parar no Shopping Rio Mar, para junto ao Posto do Detran, no Expresso Cidadão, buscar notícias do Certificado de Registro e Licenciamento, 2015, do meu carro, uma vez que até o presente momento não recebi.

O funcionário que me atendeu, disse que o Detran havia enviado, para o meu endereço, pelos Correios, desde 05 de junho último. Mas, eu não recebi! Assegurei-lhe.

Ele, então, mandou que me dirigisse ao seu colega, para checar no cadastro. Esse, com ares de muita importância, pediu minha habilitação (não entendi a razão) e o documento do carro. 

Após examiná-los e a mim, dos pés a cabeça, também, acessou uma página do ''sistema'' deles e me perguntou se o endereço estava correto. - Respondi-lhe que sim.

Nitidamente em dúvida e aborrecido me perguntou, ainda, se eu não havia mudado de endereço. Disse-lhe que não, pois se tivesse mudado, com certeza, ainda lembraria. (O carro era velho, mas eu não estava tão velha, que não me lembrasse de uma mudança, pelo tanto de trabalho que dá.) Sorri do meu pensamento, sem perceber. Mas, ele percebeu e, não gostou.

A essas alturas a situação ficou ainda mais complicada!...

Com bastante cautela, lhe perguntei o que fazer argumentando, inclusive, que, se o endereço estava correto, se eu continuava morando no mesmo lugar e tendo a certeza de que eu era eu e de que estava ali , ao vivo e a cores; qual a razão dele não me entregar a segunda via do documento?

Muito irritado, disse que eu precisava provar que morava mesmo naquele endereço, através de alguma correspondência, por exemplo. 

Na mesma hora lhe passei uma multa, recebida do próprio Detran e foi aí que ele se superou: - '' Do Detran não serve, minha senhora! Tem que ser de outro órgão. Tipo, Celpe, Compesa..."

- Ai, minha Nossa Senhora, que coisa mais complicada!

A essas alturas eu não sabia o que estava mais me incomodando se a mediocridade e grosseria dele, se o meu tempo desperdiçado ou se o ''senhora'' me enquadrou numa condição que não assumo, por ora, quando me escutei falar:

- Vai ver que estou mesmo senil, esqueci que me mudei e nem sei se sei aonde fui morar e cai numa gostosa gargalhada. Ele, irritadíssimo, decretou:

- ''A senhora só terá a segunda via do documento, se provar que o seu endereço é o mesmo que consta no cadastro."

- É mole?

Hoje estive lá munida de vários comprovantes, mas não recebi o CRLV...

O ‘’sistema’’ estava fora do ar!

- Eu mereço!
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Publicado no Recanto das Letras 
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