GRANDE MENTIRA

GRANDE MENTIRA

Ysolda Cabral 

Nas ruas desertas,

lavadas de chuva;

uma saudade me resta.

Na pintura das casas,

de fachadas serenas;

uma saudade me resta.

Na melancólica manhã ,

de um lugar qualquer;

uma saudade me resta.

No cheiro da terra molhada,

pronta para o plantio;

uma saudade me resta.

No silêncio que paira no ar,

perturbado pelo som

dos saltos dos meus sapatos;

uma saudade me resta.

Na solidão dos caminhos,

viajando sem receio pro passado;

nenhuma saudade eu trago.

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Praia de Candeias-PE

Numa noite chuvosa e fria

Em 31.07.2014

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Para ler com fundo musical, acesse:

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Publicada no Recanto das Letras

Em 31/07/2014

Código do texto: T4904619 

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AGORA É A HORA - PROSA POÉTICA

AGORA É A HORA

Ysolda Cabral

Neste momento nada me ocorre, nada de muito forte me move. A realidade carece de sonhos, de fantasias que me ajudem a prosseguir. Prosseguir vida afora, mesmo sem saber onde ir. 

Organizar os pensamentos é preciso para que o ponto de partida aconteça e eu finalmente amadureça, me possibilitando trilhar caminhos sem mais sobressaltos e sem nefastas surpresas... 

A música que escuto é triste e a sua tristeza penetra fundo em minha alma e em meu coração... Não me incomodo!

Continuo escutando o triste lamento, escrevendo estas linhas que ajudam a matar a saudade daquela que fui um dia para lhe dizer adeus, definitivamente, na tentativa vã de gostar mais desta que sou agora.

O dia está lindo e findo lá fora... Agora é a hora! 

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Praia de Candeias-PE

Ao Entardecer 

Em 30.07.2014

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Publicada no Recanto das Letras 

Em 30/07/2014

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A SORTE DE SER BONECA - CRÔNICA

A SORTE DE SER BONECA

Ysolda Cabral

Meu Deus como entender uma coisa dessas? Como pode uma criança que, provavelmente, não aprendeu ainda a falar direito, saber tanto do medo, do sofrimento? Uma criança que ainda não aprendeu a falar direito, vedar os olhos de sua boneca para que ela não veja os horrores da guerra?!

Encontrei a fotografia, acima, no Facebook de uma amiga, com um comentário que dizia mais ou menos assim:

“ESTA MENINA EM MEIO AO FOGO CRUZADO, REFÉM DO MEDO, E, ENTREGUE A PRÓPRIA SORTE... Para mim foi a cena marcante do dia. Claro que esta foto não foi tirada hoje! Ela foi desta semana. Tirada na Faixa de Gaza. Me enternece o cuidado que ela teve de tapar os olhos de sua boneca para evitar que presenciasse as cenas de horror...”

E agora aqui estou em verdadeiro estado de incompreensão, impotência e tão abalada na fé que não consigo rezar.

Eu só consigo pensar, neste momento, o quão seria bom ser apenas boneca.

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Praia de Candeias-PE

Em 27.07.2014

Num dia de Domingo

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Publicada no Recanto das Letras

Em 27/07/2014

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A LOUCA

A LOUCA 

Ysolda Cabral

Mente entorpecida e confusa,

alheia aos impropérios que escuta,

lá vai ela, a Louca, pelas ruas escuras.

Assombra o desalinho de sua figura,

o rosto pálido e sem pintura. Que criatura!

Lá vai ela, a Louca, atrás da Lua...

Lua cheia em Céu nublado é só tristura!

O que fazer para dissipar a chuva?

Lá está ela, a Louca, estátua nua... 

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Praia de Candeias-PE

Em 24.07.2014

Porque hoje é 5a.feira 

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Publicada no Recanto das Letras E

Em 24/07/2014

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ONDE ANDARÁ O MEU AMOR

ONDE ANDARÁ O MEU AMOR

Ysolda Cabral

O dia nasceu, viveu e suavemente morre.

Tudo é silêncio e oração! Não estou distante.

As flores no jardim santuário dormem.

Pássaros não identificados e vacilantes,

nas copas das árvores se escondem... 

A noite chega fria... Meu coração sofre!

Sofre de saudade febril e delirante...

E, antes que alguém reclame, ou me sonde; 

rogo ao romantismo que, por Deus, me conte:

Onde andará o meu amor neste instante! 

*****

Praia de Candeias-PE

Em 19.07.2014

Porque hoje é sábado... 

*****

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Publicada no Recanto das Letras 

Em 19/07/2014

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VIVER É ...

V I V E R É ...

Ysolda Cabral

Viver é...

Ir da alegria a mais profunda tristeza

em questão de segundos.

O contrário também é vero.

Viver é...

Sorrir e chorar,

mais chorar que sorrir.

Isso não tem nada de bom ou de belo.

Viver é...

A sexta-feira ter jeito de segunda,

e a chegada do sábado,

prometer inverno.

Viver é...

Sentir desamparo, desencanto,

quando o amor é tanto,

que torna fácil os enganos.

Viver é...

Nascer dia após dia

e dar Graças

Até pelos desencontros...

*****

Praia de Candeias-PE

Em 18.07.2014

Sexta-feira

Sou apenas uma pessoa

que chora e ri de alegria, tristeza,

ou saudade sem pudor.

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Publicada no Recanto das Letras 

Em 18/07/2014

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SE EU FOSSE FLOR

 SE EU FOSSE FLOR

Ysolda Cabral


Para não sentir tristeza e dor,
Margarida eu não seria.
E, se fosse, me esconderia,
sendo par ou ímpar... A razão:

Nascida em jardim ou sacada,
ou, até, em beira de estrada,
Margarida é sempre despetalada,
sem dó, sem consideração.

Seu perfume não encanta,
sua beleza é morte certa,
independente da sorte,
satisfatória ou não.

Para que ser Margarida,
flor bonita e nascida,
somente para ser destruída,
sem nenhuma explicação?

*****

Praia de Candeias/PE
Em reedição para Oklima
17.07.2014

Publicada no Recanto das Letras

Em 17/07/2014

Código do texto: T4885416 

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SÚPLICA

SÚPLICA
Ysolda Cabral



Ei! Psiu!
Psiu, psiu, psiu!

Me escuta!
Presta atenção!
P r e s t a a t e n ç ã o!
Por favor, por favor, por favor!
Em nome do amor!
Presta atenção, só um pouquinho!
Só um pouquinho!

O que é que custa?
Por que tanta zanga,
tanta impaciência e aflição?

Precisava sair por aí chutando pedras,
resmungando, sem fazer festa,
querendo ser sempre o dono da razão?
Somente porque não te dei mais um beijinho!

Ei! Psiu!
Psiuuuuu!!!
Espera um pouquinho!
Estou te pedindo com tanto carinho!

Me deixa falar, argumentar...
Deixa, deixa, deixa!
O intuito é te acalmar.
Não é explicação!

Veja! Veja bem:
Ah, meu Bem!
Para com isso!
Deixa de ser turrão!

Por que não vens aqui?
Te dou um monte de abraços, de beijos...
Sabias que adoro teu jeito, teu cheiro?
Juro que nunca mais te deixo.
Juro com todo o meu coração.

Ei! Psiu!
Por que não me compões uma canção?
O dia está azul anil... Tão anil!
Não sabes que te amo de montão?
Presta atenção!


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Praia de Candeias-PE
Em 11.07.2014
Lembrando tempos adolescentes
que é o melhor tempo da vida da gente.
**********

E com fundo musical!
É só acessar a página do Site

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Publicada no Recanto das Letras 

Em 11/07/2014
Código do texto: T4878070
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BRASIL E SUAS INCONGRUÊNCIAS - CRÔNICA

BRASIL E SUAS INCONGRUÊNCIAS

Ysolda Cabral

Ruas desertas, vazias…. Não vejo ninguém transitando. A única exceção sou eu, que transita apenas pelo prazer de transitar por ruas e avenidas nunca vistas assim. Fico triste, e a solidão urbana me atinge de cheio. De repente, me vem à mente a solidão dos que estão nos hospitais públicos, jogados nos corredores, nas enfermarias, nas próprias salas de curativos e de cirurgias, à mercê da sorte para um atendimento precário e provisório. Na maioria das vezes fatal, pela demora de acontecer.

Revolta-me o silêncio das ruas. Revolta-me o choro das pessoas que vejo nos bares por onde passo... Não entendo essa paixão, que desconhece tantas vidas que morrem, diariamente, Brasil afora, à falta de cuidados básicos, por exemplo.

Futebol e os seus milhões... Milhões de perguntas, sem respostas, o meu coração faz nesta hora em que o Brasil amarga a derrota para a Alemanha, no mundial de 2014.

Até parece que a Nação perdeu uma batalha sem precedentes!

Isso não é uma tremenda incongruência?

Praia de Candeias - PE

Em noite alemã

08.07.2014

Publicada no Recanto das Letras 

Em 09/07/2014

Código do texto: T4875638 

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TEMPORÃO

TEMPORÃO
Ysolda Cabral



Força?...
Há fragilidade, dignidade!
Fantasia ou realidade,
Quem sabe?...


Esperança?
Há sonhos, sons
em cores e ressonância!
Você, verso suave...


Alegria?
Há no sorriso da criança,
no sono do cachorrinho
que dorme sobre a mão de seu dono.
Suponho...


Felicidade?
Momentos plenos
do beijo, do abraço,
do amor e do desejo
Idealizado, chegado!
Temporão...


Tempo? Ah! O Tempo,
Relógio renitente que não para!
Observo suas garras, suas marcas
curtindo a cor da minha cara.
E eu me canto um cantar desafinado,
em Sol Maior, nesta manhã clara.


Vida?
Céu azul... Passeio dos pássaros!
O meu braço de Mar marulha as ondas,
Cheira o cheiro da rosa que amanhece.
O orvalho umedece a minha face.
Mas, sem você, tudo isso de que vale?

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Praia de Candeias-PE
Em manhã de saudade
03.07.2014

Para ouvir a música, acesse:
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Para ouvir a


Publicada no Recanto das Letras 

Em 03/07/2014
Código do texto: T4868708
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PENSAMENTO QUE GOSTO - CRÔNICA

PENSAMENTO QUE GOSTO

Yoslda Cabral

A naturalidade diante da morte que alguns poucos sentem, ao mesmo tempo que me surpreende, me causa inveja; inveja boa, evidentemente. Queria ser assim! Sentir-me assim diante da morte - indiferente ou plena de aceitação. Mas o fato é que não encaro esse evento com naturalidade, por mais que eu tenha fé em Deus.

Na realidade, é a perspectiva de me colocarem debaixo da terra que me aterroriza, mesmo sabendo que quando isso acontecer o que estará sob a terra será apenas o meu corpo. Esse sentimento é até mais forte e assustador quando penso em um ente querido, um parente, um amigo...

Nossa! Não gosto nem de cogitar a possibilidade! É terrível o que a gente sente. Já passei algumas vezes por isso e sei do que falo.

Será que não tenho fé suficiente para aceitar uma realidade que não há como fugir dela? Será que não sou tão corajosa como penso ser? Sou mesmo uma pessoa muito insignificante...

Que bobagem temer a morte! Que bobagem lamentar a perda de alguém que nos seja caro! Até porque, se pensarmos direito, quem partiu, partiu desta para uma vida melhor - isso considerando a possibilidade de existir mesmo vida após a morte. Mas mesmo assim me vem o sentido de falta da fala que se foi...

Será que a cremação não seria a solução? Ter minhas cinzas jogadas ao Vento, sobre o Mar, não seria o máximo? Ah, não sei não!...

Ando meio reticente sobre muitas coisas, ultimamente. Creio ser a idade chegando... Deve ser isso! Só pode ser.

Entretanto, o amor que sinto pela Vida me faz fugir desses pensamentos de morte e me imaginar um dia APENAS FLOR, nascida em um Campo-santo qualquer….

Deste pensamento eu gosto.

Praia de Candeias-PE

Meio nublada, mas linda.

Em 02.07.2014

Publicada no Recanto das Letras 

Em  02/07/2014

Código do texto: T4866759 

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