quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

ANO DE 2018 NA UTI DO TEMPO




Praia de Boa Viagem - Recife-PE
Imagem coletada no Google



ANO DE 2018 NA UTI DO TEMPO
Ysolda Cabral 



Como barata que por onde passa deixa o rastro e o cheiro estragando tudo, a Tristeza também faz isso e com tal zelo que o Ano de 2018 vai terminando de maneira atropelada. Atropelamento que comprometeu a Esperança, a Alegria e o Ano tende a morrer a míngua num canto qualquer da UTI do Tempo...

Como sou muito, muio teimosa, não desisto de tentar salvá-lo. Recorro, então, a remédios eficazes, prescritos pelo meu médico, Tambor do Encantado (coração) e vou ministrando com cuidado para não errar excedendo nas doses. Alguns podem até ser aplicados no mesmo momento posto que, não existe contraindicação. Sei que ouso abusando nas dosagens, ora em Sol Maior, do Laboratório Musical e Sonhos de Céu Sempre Azul, do Laboratório Eu; com Lua, Em Quarto Minguante, com o Neblina, do Laboratório Noite Escura. E aí clareia o Dia na Recepção da Unidade de Terapia Intensiva...

Levanto eufórica ao perceber que houve uma boa resposta, uma pequena melhora na condição do Ano. Sorrio feliz e me animo um pouco chegando a torcer para que ele, com um pequeno esforço, vá morrer na Praia, sob a luz do Luar e de fogos de artifícios; e não numa UTI, em consequência de um atropelamento de responsabilidade da Tristeza, da marca Barata & Associados Ltda.

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De algum lugar
27.12.2018
Apenas Ysolda
Uma pessoa que chora e ri de alegria,
tristeza, ou saudade sem pudor.


Aproveito para desejar a todos um Feliz Ano Novo. 

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SOU MESMO GENIAL




Imagem coletado do Google 


SOU MESMO GENIAL
Ysolda Cabral 



Não lembro de um verão tão quente como o deste ano e em toda Região Metropolitana do Recife. Chegar em casa, após seis horas corridas de trabalho, tendo que enfrentar um trânsito congestionado, todo santo dia, - nos últimos dias agravados por protestos de profissionais da área da saúde que o Governo do Estado entendeu que devem trabalhar sem receber os seus salários, não tem sido nada fácil.

Ontem cheguei em casa tão esbaforida, tão acalorada que só pensava em uma ducha fria e depois me esbaldar numa taça de sorvete bem generosa. Sorvete feito por mim, claro! Não gosto desses sorvetes industrializados que vendem por aí e com preços exorbitantes. Bem, após me refrescar numa abençoada ducha, constatei que o sorvete havia acabado. Resolvi fazer. Demoraria um pouquinho a ficar pronto, mas tudo bem.

Peguei duas mangas-rosa, descasquei e, ao tentar parti-las em pedacinhos, para levar ao liquidificador, não consegui de tão maduras que estavam. - Eu precisava da polpa, bem liquidificada, para passar na peneira e só depois levá-la de volta ao liquidificador e adicionar leite moça, o creme de leite e outras coisinhas mais. E agora como eu iria conseguir fazer isso? Daí pensei: ora, se a mangaba, o cajá e até a pinha a gente coloca no liquidificador, aciona o botão de impulso e consegue a polpa num piscar; por que não a manga, se o seu caroço é só um pouco maior? - Bem, na verdade é muito maior, né Ysolda? - Cuidado, me avisou a prudência, ou foi um resquício de inteligência?

Não quis nem saber! Eu queria sorvete de manga e ia ter de qualquer maneira. Ajeitei, no copo do liquidificador as duas mangas, coloquei meio copo de leite, liguei o botão e... Consegui!!! Porém, o liquidificador perdeu todos os ''dentinhos'' - eu nem sabia que existiam! - E não falo das hélices! - Chamei de dentinhos aquelas peças que ficam por baixo do copo e que proporcionam o encaixe perfeito para que o bicho funcione. - Pois é! Voaram todas... Mas, se não tivessem voado, eu não teria me achado doida e nem burra. Teria me achado genial. Entretanto, a bem da verdade, pensando melhor, não sei se não posso me achar genial... Afinal consegui a polpa, a um custo bem alto, é verdade - me custou um liquifificador, que foi direto para a lixeira, junto com o que sobrou dos caroços da manga. E, graças ao reserva, consegui terminar o sorvete que ficou uma delícia.

- Eu lá tenho culpa se aqueles dentinhos estavam mais pra protése dentária ou coroas?!

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Praia de Candeias-PE
13.12.2018
Apenas Ysolda 
Uma pessoa que chora e ri de alegria,
tristeza, ou saudade sem pudor. 



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terça-feira, 11 de dezembro de 2018

NO MUNDO DO SILÊNCIO ( CRÔNICA)



NO MUNDO DO SILÊNCIO 
Ysolda Cabral 



Sempre fico relutante em trocar de celular. Entendo que preciso de um mais moderno, mesmo sem saber exatamente para quê. Já estive no Shopping várias vezes com essa finalidade e termino saindo de lá com o meu velho Samsung Galaxy J-5. Aí digo que vou mudar de Operadora e sempre alguém me diz que não vai adiantar uma vez que, todas são iguais. Pois é!…. E é assim que vou pelejando, ou capengando, pelo mundo das telecomunicações. Entretanto, como procuro sempre ser justa, devo admitir que, o que mais me prende ao meu celular é o fato dele me entender como ninguém. Senão vejamos: ele sabe que não gosto de notícias ruins, então quando alguém me envia algo assim, ele bloqueia. Não abre nem a pau. Correntes? Odeio! Ele já nem avisa que chegou. A maioria me escapa totalmente. E, quando circula da Internet notícias de lava-jato, Bolsonaro, bolsonitas, motoristas, Lula preso, Lula Livre, Amazônia, Petrobras na mira de não sei quem, e não sei quem mais, ele simplesmente me deixa totalmente sem acesso. Desconfio até que há um acerto, ou complô, entre ele e o Wi-Fi de onde eu estiver, inclusive o de lá de casa, para me deixarem completamente por fora das notícias que envergonham e só trazem desesperança e medo para a maioria de nós, principalmente se nascidos por aqui... Ah, meu celular, que bom amigo você é! Na maioria das vezes você nem deixa que eu fale! Você sabe que para falar besteira é melhor calar, então você me obriga, ou abriga, no mundo do silêncio, onde eu deveria ficar de uma vez por todas... Eu sei! 

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Praia de Candeias-PE
10.12.2018
Apenas Ysolda
Uma pessoa que chora e ri de alegria,
tristeza,ou saudade sem pudor.

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quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

ATÉ ONDE VAI A VAIDADE HUMANA


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ATÉ ONDE VAI A VAIDADE HUMANA 
Ysolda Cabral 




Ontem o dia foi meio complicado, travado... Dias assim são tão comuns para mim que não mais me afetam. Tiro de letra fácil, fácil. E foi conjecturando essas bobagens que encerrei meu expediente e segui viagem de volta à minha Candeias, - de ônibus, muito bem acomodada, num assento reservado para os maiores de sessenta anos. Quando chegamos no Bairro de Boa Viagem, na Parada do Shopping Center Recife, passageiros saíram do ônibus, outros entraram. Alguns até bem animados, já outros esbaforidos de calor. Entre eles, reconheci de imediato uma poetisa e escritora, minha ''‘amiga’'' virtual de longa data. Como o assento ao meu lado era o único desocupado, foi nele que ela sentou. Esperei que se acomodasse. Nessa espera tive a impressão que se escondia atrás do cabelo. Aguardei, ponderando ser mesmo impressão e que, tão logo acomodasse a bolsa e as sacolas de compras no colo falaria comigo. - Ah, como eu estava feliz de conhecê-la! Bom, ela se ajeitou da melhor maneira possível, e nem olhou para mim. Talvez nem tivesse me reconhecido...

Feliz da vida, tomei a iniciativa e perguntei se ela era “fulana de tal” – me referindo ao seu pseudônimo. Para minha surpresa ela disse que não e ao me dizer seu nome de batismo, deve ter lembrado que eu também sabia desse e parou bem na metade, sorriu amarelo e falou outro nome…(??)

Nunca me deparei com uma situação tão inusitada e confesso até agora não ter entendido a razão dela ter agido daquele maneira. Ora, nem gêmeas idênticas seriam tão iguais! Disse-me estar passeando por Pernambuco e que era natural do Piauí. 

Engraçado é que não sou muito de guardar nomes, mas guardo fisionomias e as reconheço, até as que conheci e conheço só de fotografia, mesmo depois de ''‘maquiadas’'' pelo Tempo se as encontrarem pessoalmente. E a fisionomia da minha companheira de viagem de ontem eu reconheci, sem nenhuma dúvida. - Será que ficou envergonhada por estar em assento reservado para o pessoal da terceira idade, ou por estar usando um transporte coletivo? - Quem vai saber o que se passa na cabeça de uma mulher vaidosa? ...

Depois de algum tempo, quando já ia chegando ao seu destino, lembrou de perguntar o meu nome. Eu, sorrindo, um sorriso triste e decepcionado, mas conformado, lhe respondi: sou Ysolda. Apenas Ysolda.

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Praia de Candeias-PE
06.12.2018
Apenas Ysolda 
Uma pessoa que chora e ri de alegria,
tristeza, ou saudade sem pudor. 

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APENAS HOJE


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APENAS HOJE
Ysolda Cabral


Há um cansaço que me ronda,
que sutilmente me sonda,
me deixando descomposta,
um tanto fora de mim...

Um cansaço cansado,
mordaçado em jeito louco...
Um cansaço pesado que me faz refletir;
será que ainda estou aqui?

Com as mãos postas, 
o coração quase parado, compungido,
percebo que, hoje, apenas hoje, 
a Vida se esqueceu de mim.

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Praia de Candeias -PE
Apenas Ysolda
Uma pessoa que chora e ri de alegria,
tristeza, ou saudade sem pudor

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