terça-feira, 31 de março de 2015

ROTA DA ILUSÃO




ROTA DA ILUSÃO
Ysolda Cabral


Sem refletir, sem planejar,
sem me preparar, sem titubear,
sem , sequer, pensar;
peguei a rota da ilusão e segui.

Segui em frente com devoção,
guiada pela mais bela poesia.
Comigo, apenas meu velho violão,
sem mais tristeza e sem agonia. 

O '' Tambor do Encantado,''
batendo acelerado, me dizia
animado: ''Vai menina!''
E fui! Repleta de confiança e alegria.

Mas, de repente, percebi
que, na mesma rota que eu ia,
muita gente sofrida voltava.
Uma ou outra, chorando, me falava:

Volte para sua Praia!...
Lá você tem os pés no chão,
amanhecer com emoção,
entardecer de oração e calma.

Então perguntei:
E o amor que tanto sonhei;
como encontrar?
E escutei alguém falar:

Ele está dentro de você!
Não precisa procurar.
Basta você O entender,
dar Graças e serenar.

**********

Praia de Candeias-PE
Em reencontro de Páscoa
31.03.2015

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Para escutar a música, acesse:

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segunda-feira, 30 de março de 2015

EU E MEU VIOLÃO ( CRÔNICA)




EU E O MEU VIOLÃO
Ysolda Cabral



Com a cabeça explodindo de dor, um trânsito congestionado pra caramba, - consequencia das chuvas que caíram por toda a madrugada na região metropolitana do Recife - , lá vou eu dirigindo pelas avenidas alagadas, a contragosto, em função de um exame médico que precisava fazer hoje. 

Estou uma pilha de nervos. Qualquer buzina vai me tirar totalmente dos eixos. - O dia hoje promete!...

Recorro à musica. Ela sempre me acalma. Pego o meu ''Cd'' preferido e lembro que o som do carro detém um preso por lá, há dias! Eu, por absoluto descaso e irresponsabilidade, não providenciei um ''alvará de soltura'' para o dito cujo. Agora, o jeito é apelar para estações de rádios FM, contando com a sorte para escutar alguma música que não me deixe ainda mais irritada.

Nada do trânsito andar e sem encontrar o que de bom escutar, desligo o rádio. Quer dizer; tento. Ele não desliga! - Meu Deus, o universo todo está contra mim?! Que foi que eu fiz, ou deixei de fazer para merecer um dia assim, afinal? Respiro fundo, conto até dez e respiro novamente. De repente, vem dele, um solo de violão. - Num passe de mágica me acalmo!

– Como o dedilhar de um violão é lindo e relaxante!

O violão é o instrumento mais perfeito que existe. Não! Ele não é um instrumento. Ele é um amigo, um companheiro fiel e dedicado, que conquista a ponto de você querer tê-lo a qualquer custo. Depois, ele trata de lhe preparar pra vida toda, lhe calejando, sistematicamente, e só assim, se deixa tocar, sem jamais lhe ferir, ou magoar.

Sinto, neste instante, lágrimas no rosto e sorrio aliviada lembrando o meu violão que está em casa, a minha espera, para dar vida a uma nova canção que começa a nascer na minha alma. 

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Pelas Avenidas Alagadas
Em 30.03.2015
Apenas Ysolda 

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Crônica com fundo musical. Para escutar, acesse:

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GRANDE MENTIRA


GRANDE MENTIRA 
Ysolda Cabral 


Nas ruas desertas,
Lavadas de chuva;
Uma saudade me resta.

Na pintura das casas,
De fachadas serenas;
Uma saudade me resta.

Na melancólica manhã,
De um lugar qualquer;
Uma saudade me resta.

No cheiro da terra molhada,
Pronta para o plantio;
Uma saudade me resta.

No silêncio que paira no ar,
Perturbado pelo som
Dos saltos dos meus sapatos;
Uma saudade me resta.

Na solidão dos caminhos,
Viajando sem receio pro passado;
Nenhuma saudade eu trago.

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Praia de Candeias-PE
Pondo fim nos besteiros
Em 28.03.2015

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Interação da poetisa, cronista, contista e amiga Ceiça:

30/03/2015 10:51 - CEIÇA
Do resto do vinho
no fundo da taça
sinal de festa
uma saudades me resta... 

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Obrigada querida! Adorei!! 

Recanto das Letras  em 28/03/2015
Reeditado em 30/03/2015
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WhatsApp – Que Atraso!



WhatsApp – Que Atraso!
Ysolda Cabral

Triste tarde de sábado!
Sem máquina do tempo,
que me leve ao passado.

Inventaram o WhatsApp!...
Mas, a máquina do tempo não.
Que atraso! Que decepção!

Recorro a minha memória.
Contudo a minha história,
precisava mudar o senão.

Como fazer isso então,
sem voltar lá atrás para buscar
quem me deu de vera atenção?

Não tenho vídeos e nem fotos.
Não tenho poemas e é fato que,
a saudade vive em meu coração.

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Praia de Candeias-PE
Numa Tarde de Sábado
28/03/2015


Código do texto: T5186548 
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quinta-feira, 26 de março de 2015

APENAS PALAVRAS






APENAS PALAVRAS
Ysolda Cabral



Palavras toscas,
palavras bobas,
palavras impróprias,
palavras insólitas,
palavras loucas, 
palavras ocas.












Palavras outras,
palavras vazias.
Palavras oriundas
de palavras nulas,
de palavras mortas,
de palavras jogadas fora.

Palavras...
Arrostam incredulidade
e pela insensatez infelicidade.

À mim?...
Sou surda,
sou muda,
sou desmemoriada,
sou nada.



Não tenho voz,
Não tenho foz!
Tenho Candeias,
com toda sua beleza,
em Porto de Cruz,
sob intensa Luz,
pesando e medindo
toda a minha besteira.



Praia de Candeias-PE
No Entardecer de 26.03.2015
(5a. feira)

Para escutar a música de fundo, acesse:



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terça-feira, 24 de março de 2015

CALMA



CALMA
Ysolda Cabral 


Calma... É preciso calma...
Há alguma coisa no ar.
Sei que há!

Há um frio de morte,
Congelando e quebrando os ossos ,
Nos impedindo de sonhar.

Há uma revolta contida,
Há uma dignidade atingida,
Há uma plenitude de vida,
Com esperança perdida...

Há uma lágrima teimando em cair,
Há um sorriso triste e fingido,
Há um desejo sofrido, contido,
E o controle se esvaindo...

Há uma gota de orvalho,
Explodindo...
Há um carrasco,
Punindo...
Há uma ferida,
Se abrindo...

A paciência...
Esgota-se,
É a chegada da hora,
Ficando abençoada...

E enfim...
Tudo acaba.

**********

Praia de Candeias-PE
Em reedição numa 3a. feira
Em 24.03.2015


Para escutar a música de fundo, acesse:


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segunda-feira, 23 de março de 2015

MARCAS NO CAMINHO

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MARCAS NO CAMINHO
Ysolda Cabral



Pouco a pouco,
mais um dia vai chegando.
Pouco a pouco,
a noite vai sumindo.
Pouco a pouco,
vou me repetindo, repetindo,
e inexpressiva vou ficando.

Pouco a pouco,
os pássaros vão acordando.
Pouco a pouco,
seus cantos vão surgindo.
Pouco a pouco,
o vento vai soprando
canções que vai construindo.

Pouco a pouco,
a vida vai passando.
Pouco a pouco,
cantando e dançando,
chorando e sorrindo,
marcas no caminho vou deixando,
se ele não for findo.

**********

Praia de Candeias-PE
Num amanhecer qualquer
Em 23.03.2015

Publicada também no site:


http://www.ysoldacabral.prosaeverso.net


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quinta-feira, 19 de março de 2015

O SOM DA CHUVA




O SOM DA CHUVA
Ysolda Cabral



Som bonito é som que acalma,
mas às vezes também assusta.
Assim é o som da Chuva. Ah, a Chuva!
Hoje estou reticente, estou confusa.

Sei o quanto precisamos dela!...
E sem ela como pintar o dia em aquarela?
Como sentir o cheiro da terra,
quando nua de asfalto são as ruas?

Ah, as ruas! Tão desprovidas de alegria!
Cadê as crianças brincando nas calçadas?
Cadê as cadeiras pra conversas das Marias,
mulheres virtuosas, rezadeiras e dedicadas?

Cadê os casais de enamorados na pracinha,
atentos à distração das madrinhas?
Ah! Onde está o encantamento da minha rua?
Tão deserta e tão sozinha nesta noite sem lua!

Som bonito é o som que acalma...
Preciso de Chuva para aquietar a minha alma!
Chuva branda que nenhuma desgraça traga.
Preciso de aconchego de uma noite calma.

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Praia de Candeias-PE
Em 19.03.2015 
Apenas Ysolda



terça-feira, 17 de março de 2015

APELO



Praia de Candeias-PE
Em noite de reedição
3a. Feira -  17.03.2015

http://www.ysoldacabral.prosaeverso.net/

segunda-feira, 16 de março de 2015

EMPRESA BORBOREMA - QUE DECEPÇÃO! ( CRÔNICA DENÚNCIA)



TRANSPORTE COLETIVO EM CANDEIAS
OU ELE PARAVA OU PASSAVA POR CIMA DE MIM
BORBOREMA – QUE DECEPÇÃO!



Não sou de reclamar, de reivindicar nada! Às vezes faço isso por outrem, mas nunca por mim. Sou daquelas brasileiras covardes e idiotas que ficam aguentando o tranco e acreditando que tudo vai se ajeitar. Contudo, num país que só se tem deveres a cumprir e praticamente nenhum direito respeitado, preservado, garantido, por mais irrelevante que ele possa parecer, tem coisas que não dá pra gente ficar calado.

Tenho recorrido ao transporte coletivo para ir trabalhar, praticamente todos os dias, em função do caos que está o trânsito da região metropolitana do Recife. Isto sem falar da dificuldade que é encontrar um lugar para estacionar. O problema de usar o transporte público, no meu caso, é que a empresa Borborema, disponibiliza poucos ônibus para a linha de Candeias e os poucos que existem, seus motoristas costumam queimar as paradas, principalmente a partir das 14 horas.

Hoje, na volta para casa, depois de esperar 45 minutos, sob um Sol escaldante, um ônibus opcional (o valor da passagem é bem salgado) passou queimando a parada onde eu me encontrava ( uma antes da parada do Carrefour, em Boa Viagem), exatamente às 15 horas. Logo em seguida, veio outro opcional, também pela faixa do meio, onde não devia transitar de maneira alguma! No auge da minha agonia, do cansaço e da revolta com o tratamento que recebemos dos serviços públicos, a exemplo do que acabara de receber, corri para o meio da avenida e na faixa que ele vinha – a do meio, repito – ME POSTEI DE PÉ, COM OS BRAÇOS ABERTOS E O AGUARDEI. OU ELE PARAVA OU PASSAVA POR CIMA DE MIM. Ele parou a um palmo de onde eu estava e, ainda, teve a cara deslavada de dizer que não ia queimar a respectiva, como o seu colega há pouco fizera. Isto depois de ter tido a maior dificuldade para encostar, junto a calçada, para que eu subisse.

Ao chegar em casa, liguei para o nº 0800 704 8774 da Borborema, indicado no próprio ônibus, e em face de não ter tido cabeça de anotar o número do respectivo coletivo, a funcionária disse que não registraria a ocorrência.

- É mole? Isto é Brasil!


VIDA REALIDADE

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VIDA REALIDADE
Ysolda Cabral


Vestindo a Vida de realidade,
mesmo esquecendo de vez a poesia,
ela há de subsistir em mim.

Vivendo Vida de verdade,
com tristeza e com alegria;
continuo sendo não e sim.

Mas, não posso sentir saudade,
do Mar, quando em maresia,
em onda revoltas bate em mim.

Pensando no todo em igualdade,
com determinação e valentia,
sei que hoje quase chego ao fim.

Então, ignorando o perigo, a maldade,
rogo-lhe que, apenas, sorria!
Ainda não me tornei querubim.

**********

Praia de Candeias-PE
Em 16/03/2015
Sem novos Anjos 



Publicada no Recanto das Letras
Código do texto: T5172220
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domingo, 15 de março de 2015

NANA OKIDA NA “ROTA DOS COQUEIROS”




NANA OKIDA NA “ROTA DOS COQUEIROS”

Ysolda Cabral



Acordei cedinho, como de costume, e decidi permanecer na cama até enjoar. Afinal, no sábado, posso me dar a este luxo. Nela fiquei a escutar o canto dos pássaros, sentindo o cheiro do Mar, que a Brisa faz questão de me trazer todas as manhãs, sem pensar em quase nada e torcendo para dormir novamente.Qual que nada! O sono já havia levantado voo antes dos passarinhos. Triste e resignada consultei, na mente, a minha agenda do dia e no primeiro item estava escrito: NANA OKIDA! A preguiça sumiu instantaneamente. Dei um pulo da cama disposta a realizar todas as minhas tarefas domésticas em tempo recorde, para logo após o almoço ir ter com ela. Em verdadeiro frenesi, corri para lá e para cá sem conseguir fazer nada. Fui para cozinha e esbarrei na geladeira; derrubei uma das cadeiras da mesa. Terminei por quebrar um copo cujo conteúdo, um suco de laranja que acabara de fazer para o meu dejejum, se espalhou pelo assoalho junto aos mil caquinhos. Tive vontade de chorar! Olhei para a minhas mãos: unhas por fazer. Pensei: que roupa vou vestir? E qual caminho farei para chegar até Nana? A “Rota dos Coqueiros”, dizem ser linda, mas muito deserta. Estou com medo? Poxa, já não sou mais a mesma! Nunca tive medo de botar o pé na estrada! E o meu cabelo? Nossa, deve estar um horror! E foi assim que a manhã passou com uma rapidez fenomenal. Logo me vi na estrada ansiosa para abraçar uma amiga que só conhecia a voz e os seus poemas. Graças a Deus que guiar sempre me deixou relaxada e desta feita não foi diferente. Assim pude apreciar a paisagem belíssima de todo o trajeto Praia de Candeias x Muro Alto e até parei, em determinado trecho, em um túnel de árvores centenárias, para tirar foto.

Errando uma entrada ali, outra acolá, voltando e seguindo adiante, finalmente cheguei. Nana, irradiando beleza, juventude e alegria me recebeu. Verdadeiramente encantadas uma com a outra, nos atropelávamos com o ritmo da conversa e caiamos na gargalhada para logo voltarmos a falar de nossas vidas, dos nossos filhos e de tudo que pintava em nossas cabeças. Em determinado momento ela me perguntou se eu a achara diferente das fotos que tirava com o seu inseparável “pau de self’’, postadas no FaceBook. Claro que achei você muito mais bonita que nas fotos, lhe respondi sincera e de pronto. Ela sorriu feliz! Então, meio insegura arrisquei – afinal ela que tinha começado... - Ô Nana, você acha que estou muito gorda? E ela sacramentou a nossa amizade para o resto da vida com a seguinte resposta:

- ''Claro que não! Você é um mulherão. Eu é que sou um cisco!''

Isso sim que é amiga de verdade! Você não é um cisco, Nana Okida! Você é a própria poesia em figura de gente que nasceu para a gente querer bem. 

E olha nós aí, amiga linda!


Praia de Muro Alto/PE
No “Dia Nacional da Poesia’’
08/03/2015

quinta-feira, 12 de março de 2015

MEU EPITÁFIO (OU TESTAMENTO)


MEU EPITÁFIO
(OU TESTAMENTO)
Ysolda Cabral 


Se eu morrer mais tarde ou amanhã,
Não quero que ninguém fique triste - Eu vivi!
E, vivi completamente tudo o que quis,
De verdade, ou através do sonho.
E, assim, fui muitas vezes feliz.

Comigo não levarei nada,
Entretanto, deixo minha poesia
Espalhada pelos quatro cantos.
E, se alguém se dispuser a corrigir sua rima,
Não vou me incomodar.
Nunca dei importância a isso!
Somente para o que estava sentindo.

Deixarei o meu perfume,
Em cada hortelã graúda,
Que você encontrar.
E, se, em noite sem aconchego,
Tiver um pesadelo,
Com vento ou sem vento,
Meu perfume lhe acordará.

Deixo também o Mar
Que sei, nunca foi meu!
Contudo, quando nele mergulhava,
Com certeza ele era meu.
Sim... Só meu!

Quanto ao meu violão,
Há muito num canto esquecido,
Faça de conta que é seu.
Lustrado e com cordas novas,
Quem lembrará que foi meu?

E, assim ele fará companhia
A qualquer apaixonado,
Pela música e pela vida,
Toda noite e todo dia.

Logo, sorria!
- Ele é seu!
- Quem diria!!!

O meu corpo?
Ao pó voltará independente do lugar.
Então tanto faz ficar aqui ou acolá.
E ao deixá-lo, esqueça!
Não sou eu que ficou lá.

Fiquei em tudo que deixei,
E que acabo de contar.
Portanto, me aproveite bem,
Pois se em vida não o fez...
É, enfim, chegada à vez.

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Praia de Candeias-PE
Republicando no amanhecer
de uma segunda-feira qualquer 

Código do texto: T5163377 
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sexta-feira, 6 de março de 2015

PROFÉTICA POESIA ( CRÔNICA)



Teatro de Santa Isabel ( à esquerda ) e o Palácio do Governador
onde todos dormem de consciência tranquila... )

PROFÉTICA POESIA
Ysolda Cabral



Junto com a madrugada ela chegou. Chegou a princípio sorrateira, fazendo de conta que estava apenas de passagem, ou que chegava somente para trazer um pouco de ajuda à Brisa, no primeiro banho do dia que acabara de nascer. Contudo, o Mar, a menear ondas, um tanto quanto ainda adormecidas, sabia que estragos aconteceriam e pouco poderia fazer, a não ser; tentar conter um pouco a sua ira.
E, mesmo tendo estendido a sua escura Linha, tal qual rede, sobre si e sobre a Terra, ela caiu fazendo barreiras deslizarem e invadirem casas, ferindo pessoas que dormiam tranquilas e confiantes no novo amanhecer.
Eu sei perfeitamente que a Natureza apenas retribui àquilo que recebe e na ''poesia'' intitulada ''LINHA ESCURA'' publicada ontem, a minha alma pressentiu a tragédia. Ainda bem que, quando a Chuva chegou, trazendo raios e trovoadas, eu dormia sono sem sonhos, mas providente e que por ele hoje dou Graças.

Manchetes do G1-PE ...

''06/03/2015 09h30 - Atualizado em 06/03/2015 12h01
Chove o esperado para 11 dias em apenas duas horas no Recife
Segundo a Defesa Civil, foram 86 mm de chuva entre as 2h e as 4h desta 6ª.
Uma barreira deslizou no Ibura e ruas ficaram alagadas com a precipitação.



Eu queria uma novidade, uma coisa boa para contar...

- Quem sabe depois do encerramento dos trabalhos da '' Operação Lava-jato''?... 


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Recife-PE
Em 06.03.2014
(Sexta-Feira) 

Código do texto: T5160173 
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LINHA ESCURA ( POESIA SOCIAL )


LINHA ESCURA
Ysolda Cabral



O Tempo está parado, pesado...
A linha do horizonte é escura.
Anula a sua beleza e olhar me custa.
Será que para este mal há cura?

Não escuto o canto dos pássaros!
A chuva esperada se torna ameaça,
a tristeza é profunda e se alastra.
O tiro sempre sai pela culatra...

A catadora de lixo cata!...
Cata esperança na lata do lixo,
mas na lata do lixo não há esperança,
e a catadora mais parece bicho!

O menino de rua passa,
a procura do arrimo que não acha.
Ele quer se proteger da chuva ora chegada!
Ah, coitado! Já viu tanta desgraça!...

O Mar não emite som...
Não emite vida, não emite nada!
Eu fico a lhe olhar estupefata.
Hoje de injustiça, desigualdade, 
impunidade e de tristeza;
estou, verdadeiramente, farta.

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Praia de Candeias-PE
Em 05.03.2015 

Código do texto: T5159402 
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domingo, 1 de março de 2015

GENTILEZAS DE UMA FILHA (CRÔNICA)


GENTILEZAS DE UMA FILHA
Ysolda Cabral


Eu me sentia literalmente moída, sem disposição para nada, em função de ter sido quase levada por um rio de flores de plástico derretidas pelo calor de um sol causticante, na noite´passada. O pesadelo foi tão terrível que minha filha, vendo o meu estado de exaustão à luz do dia, ofereceu-se para ir ao supermercado em meu lugar, a fim de comprar alguns produtos que na feira do mês me escaparam, bem como alguns itens que a gente compra, semanalmente. 

Feliz e contente, corri à procura de uma caneta e de um papel, para relacionar o que ela teria que comprar. Quase que não encontrava! A gente agora só digita! Depois de tudo escrito - com uma letra apressada, é verdade, mas caprichada, chegando até a me parecer bonita a letra que nunca mais eu tinha visto -, caí na cama com a certeza de que teria, pelo menos, uma ou duas horas de sono tranquilo!

Suspirei satisfeita, agradecendo a Deus pela filha linda, prestativa e carinhosa que Ele me dera e, sorrindo, adormeci. De repente, um som sequenciado invadiu meu sono. Voltei à vida, vi vir do celular, e o atendi, um tanto atordoada:

- Mamãe, o supermercado foi reformado e mudaram tudo de lugar! Não estou encontrando acetona!
- Acetona?! Não coloquei acetona na nota!
- Ah! É água sanitária, né? Tá! Beijo

Já meio sem sono, olhei para o relógio e verifiquei que não fizera nem meia hora que eu me deitara. "Bom, não posso mais perder tempo" -pensei comigo -. "Estou um bagaço e preciso descansar". Abracei meu travesseiro de marcela, cheiroso como ele só, e me decidi: "Agora, vamos ao sono sossegado!". 

Ledo engano! O celular me chamou, novamente:

- Mamãe, para que você quer vela? O seu aniversário é só em abril e não estou encontrando vela!
- Yauanna, não pedi vela!
- Ah! É Veja! - e desligou.

Desisti de dormir e me levantei, xingando-a:
"Poxa, ela nem ler sabe mais! Que coisa! Ou seria a minha letra?"

Peguei um lápis e um papel, nele escrevendo, em letras garrafais:

COMPRAR UM CADERNO DE CALIGRAFIA, URGENTEMENTE!!!

Será que ainda tem jeito para mim? ... Hahahahaha

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Praia de Candeias-PE
Conjecturando possibilidades
Em 01/03/2015


Código do texto: T5154570 
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