quinta-feira, 30 de julho de 2015

A VIDA VISTA DA JANELA



A VIDA VISTA DA JANELA
Ysolda Cabral 


A vida vista da janela,
quando deixam a cortina aberta,
é tão linda, tão linda e verdejante,
que sinto ser possível ainda ir adiante.

Ah, sonhos de pura beleza,
que não quero mais sonhar!
Vão embora de mim! 
Deixem-me sossegar.

Alguém pode fechar a cortina da janela?
A culpa é dela, se paro para sonhar.
Ela me enlouquece e me faz delirar.
Preciso me curar dessa doença de sonhar.

Há o adiantado da hora, agora.
Há o desencontro no ar, que sufoca.
Há uma vontade louca de voltar,
para o não sei onde de algum lugar.

Por favor, fechem a cortina dessa janela!
Eu não consigo fechar.
Nunca mais olho para ela, nem através dela.
Preciso parar definitivamente de sonhar 

Ei, quem fechou a cortina da janela?!
Preciso respirar...



Espinheiro-PE
Em pensamento laboral
29.07.2015

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domingo, 26 de julho de 2015

DOCE CALMA




DOCE CALMA 
Ysolda Cabral



Moletom, meias... Sob o edredom. 
A tarde cai silenciosamente. 
Cheiro de terra molhada e de chocolate quente.

Na tela há romance, há comédia... Sem som!
O coração reticente, suavemente, sente.
Aconchega-se no sofá, nada nega e se apega...

Ao controle, remoto. Nota, anota e desapega!
Apaga-se a emoção que traz de paga:
doce calma que inunda a alma...

Tarde de chuva, de sonho e de ilusão...

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Praia de Candeias –PE
No entardecer de domingo
26.07.2015


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terça-feira, 21 de julho de 2015

SAUDADES DE CARUARU





SAUDADES DE CARUARU


Um dia de inverno lindo e perfeito
como o de hoje, mas sem frio algum...
- Não é uma incongruência?
- Que saudade de Caruaru, neta época!

Ysolda Cabral 


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Praia de Boa Viagem-PE
Clicada por mim hoje
21.07.2015 ( 07h)

quinta-feira, 16 de julho de 2015

O SENHOR NÚMERO UM




O SENHOR NÚMERO UM

Ysolda Cabral



Para encerrar as minhas inesquecíveis e mui maviosas férias, resolvi ir ‘’passear’’ no Terceiro Juizado Civil, situado em um lindo e ajardinado imóvel, tipo casa, da Rua Arão Lins de Andrade, 182, bairro de Piedade, em Jaboatão dos Guararapes.

A bem da verdade, o “passeio” começou ontem. Não foi frutífero por conta da greve dos motoristas e cobradores de ônibus, que impossibilitou o funcionamento normal daquele juizado, e o único funcionário que conseguiu chegar, disse estar limitado ao atendimento de oito pessoas, apenas. Como eu era a de número nove, - nunca gostei de número ímpar -resolvi voltar outra hora.

Hoje, me avexei, pra valer, e lá cheguei por volta das 6:30 da manhã. Contudo, já ali se encontravam 12 pessoas. Peguei a ficha de número 13. Que coisa! Convinha ficar esperta... Às sete, a porta, como num passe de mágica, se abriu. Entramos todos e nos acomodamos em cadeiras confortáveis. Entre nós, um senhor demonstrava bastante ansiedade. Alto, bem vestido, cabeça erguida e orgulhosa de deter a ficha número um. 

À nossa frente, no imponente balcão situado no centro da sala, apareceu-nos um funcionário simpático, a nos dar bom dia e, para logo em seguida, comunicar que apesar da greve ter terminado, o “sistema” estava fora do ar, e, consequentemente, nenhuma “queixa” poderia ser registrada, a não ser que voltássemos depois.

O Senhor Número Um, apelou para a bondade do servidor, para que anotasse a sua queixa num papel qualquer, e que desse prosseguimento ao feito que ele iria expor em seguida! - Atitude que aguçou a curiosidade e solidariedade de todos, que do canto não se moveram, esperando saber do que se tratava. – Ali, como em uma clínica de Cintilografia Coronária, todo mundo é igual, diferenciando, tão somente, os seus interesses.

O funcionário disse não ser possível, pois tudo tinha que ser registrado no “sistema”, mas que ele dissesse do que se tratava, para uma orientação, talvez!...

O Senhor Número Um tirou do bolso da calça um volante de loteria e disse ter sido ganhador de um prêmio, mas que a casa lotérica havia se recusado a pagar. - Eita, agora era que ninguém mais saia dali, nem que uma vaca tossisse!

Prendemos a respiração, para que o atendente não nos tomasse todo o oxigênio, ao se encher do ar que todos respiravam, e perguntar: ‘’ Qual o valor do prêmio?’’ E o digníssimo senhor respondeu: “ oito reais!”

Por mais que eu queira descrever a reação do pessoal naquele exato momento, não encontro jeito! Dois ou três se levantaram e foram embora, aborrecidos pela perda de tempo. Os mais solidários permaneceram. Uns se divertindo, outros quase chorando e com vontade de lhes pagar o valor usurpado. – Mas a questão não era essa! Ponderei.

No mais absoluto silêncio prendemos, novamente, a respiração. Desta feita para sobrar mais oxigênio para o nobre atendente que, não se fazendo de rogado, estufou o peito, respirou fundo e com ares de justiceiro vingador, perguntou: ‘’ O senhor tem provas de que a casa lotérica não pagou o seu prêmio? " 

E, o Senhor Número Um, vencido, respondeu: "Tenho não, senhor! "

Saí de lá direto para a minha padaria preferida, sonhando sonhos de goiabada cascão!


Praia de Candeias-PE
Reivindicando justas justiças
Em 16.07.2015


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quarta-feira, 8 de julho de 2015

PELO NADA, DOU GRAÇAS E AGRADEÇO!



PELO NADA, DOU GRAÇAS E AGRADEÇO! 
Ysolda Cabral


Não perderei a doçura, a esperança, a fé nas pessoas, nem em um milhão de anos luz, por mais que me decepcione! Não perderei a alegria e nenhuma noite mais sem dormir por bobagens que eu tenha lido, visto, tenham me dito, ou que eu tenha vivenciado de alguma maneira, principalmente, tendo o sexto-sentido e o bom-senso me avisado, antecipadamente, das tramas e artimanhas traiçoeiras da vida, fosse no mundo real, ou no mundo da poesia, tão bem definido pelo poeta, escritor e artista plástico, recantista, Yamânu, que escreveu um dia:

11/04/2012 09:17 - yamânu

''Doce mundo de agonia a poesia
Verdade com mentira é confundida
Mentiras são verdades escondidas
Bendita maldita desdita poesia''

Contudo, não posso desprezar o dom que Deus me deu, até porque não o utilizo com maldade e nem para brincar com o sentimento de ninguém, muito menos atingir, magoar, exibir e/ou envergonhar, humilhar quem quer que seja. Muito pelo contrário! O que chamo de minha poesia é tudo que escrevo, ditado pela minha alma, em momentos de tristeza, alegria, saudade ou na solidão de mim mesma – que sempre bendigo. E quando a minha alma pensa estar apaixonada, correspondida, mesmo sabendo que está sendo enganada, na maioria das vezes de forma gratuita e inexplicável, minha poesia é pura e tem aura clara. Verdadeiramente inocente, chega às vias da insignificância do inusitado pela incredulidade voluntária. Sem rima, sem palavras rebuscadas, de português coloquial, minha poesia é simples e verdadeira como eu. Alguns a classificam de muito pobre, muito boba, imatura ou de um nada absoluto.

- Não ligo, me desligo e pelo “nada” dou Graças e agradeço! 

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Praia de Candeias-PE
Num dia absurdamente azul
08.07.2015

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terça-feira, 7 de julho de 2015

SEM ESPAÇO NA ALMA



SEM ESPAÇO NA ALMA
YSOLDA CABRAL 


Quando a tristeza é profunda,
o sorriso desaparece, emudece...
A vontade de desistir insiste,
persiste, resiste...
Sem pedir licença, 
fecunda,inunda, transborda,
assola e se lança sem espaço na alma...

Confiança, se não existe,
desista! 
E querer saber o que mais dói
é besteira, é tolice...

Sempre escrevi, escrevo
e ainda vou escrever,
mesmo sem canto e sem poesia,
as coisas que sinto, 
em momentos distintos,
quando me deixo sem sintonia...

Não coloco rima, pois rimar não sei.
E, mesmo com amor,
só sei rimar amor com dor.
Não sei amar assim...
Destruiria a lira e a rima.
E minha alma de tão tonta,
ficaria partida, caída, sentida...

Não sei calar quando grito,
Não sei gritar quando falo.
Sou toda o contrário...
Às vezes não sei o que sinto,
o que penso ou o que digo...

Quando sinto dor, dói pra danar!
E demora a passar.
Quando passa, a marca fica, vinga,
ficando como tatuagem na alma,
de forma definitiva...

Alegria, tristeza...
Há certeza de que louca sou em acreditar
que ainda sou, quando sei que nada fui,
nada sou e nada serei!

Crianças, flores, amores...
Canção, ação, sei não! 
Cantar, soar, mais não... 
Seria em vão e se é assim,
quero não! 

Dores... Horrores...
Louvoures... Queimores...
Solidão, então?...
Mais não!
Chorar, sarar, parar...
Tem coisa que não tem jeito não.

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Praia de Candeias-PE
Em reedição oportuna e aprimorada
07/07/2015 

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domingo, 5 de julho de 2015

DE CORAÇÃO PARTIDO



DE CORAÇÃO PARTIDO 
YSOLDA CABRAL


Novamente é domingo! ... Mas, não um domingo qualquer. E sem nenhuma ironia, asseguro; fazia tempo que não via um dia tão lindo! O Céu, de um azul suave perfeito, com poucas nuvens, - em função de um Vento embriagado de beleza, - reina absoluto, envolto de raios de Sol a lhe iluminarem de maneira harmoniosa, tal qual é a harmonia da paz.

Em dias assim meu pai costumava nos levar para passear, passeios culturais, nas cidades do Recife e de Olinda... Lembro que num desses passeios, fomos conhecer um navio gigante, aberto à visitação. - Eu nunca havia entrado num navio assim! Fiquei tão encantada que me prometi um dia sair a navegar pelos sete mares. – Afinal sou ou não sou Cabral? ...

- Nunca fiz a tal viagem, mas Deus me deu a graça de vir a ser vizinha de uma ‘’Pousada Passarinho’’ e do Mar, ora o de Boa Viagem, no Recife, e ora no de Candeias, na linda Jaboatão dos Guararapes.

Infelizmente, como nem tudo são flores e chega ao fim, o “meu Mar’’ está cada vez mais poluído e impróprio ao banho, principalmente nesta época do ano, aqui em Candeias.

A "Pousada Passarinho’’ está fadada a extinção, pelo menos grande parte dela, por conta de uma Castanhola, - ‘’Pousada de Morcegos’’- que fica do outro lado da rua, infectada de cupins decididos a expandirem seus ‘’negócios’’ para o lado de cá. Cansada de tentar tomar alguma providência, sou ‘’ imobilizada’’ pelo pouco caso das autoridades competentes e pela vizinhança, indiferente às coisas da Mãe Natureza.

Como uma "Andorinha só não faz verão’’, e, como nunca, num dia de domingo, fiquei por muito tempo feliz, cá estou, agora, entristecida, a olhar o meu ‘’Mar em agonia’’ sentindo partir o meu coração.

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Praia de Candeias-PE
Agonizando em pleno domingo
05.07.2015


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sábado, 4 de julho de 2015

LAYSA, UM PRESENTE DE DEUS



LAYSA, UM PRESENTE DE DEUS
Ysolda Cabral


Quando sou apresentada a uma pessoinha dessas, transbordo de amor, de esperança, de fé em Deus e de fé na Vida, mesmo com uma pontada de receio perturbando visão tão pura e tão bela. - É que o mundo anda tão estranho! Tão de ponta-cabeça!... Ah, mas Deus é perfeito! E como ela é linda! E se Ele permitiu que aqui chegasse, então está tudo certo e nada há para temer, muito menos questionar. - Ele sabe o que faz!

Essa princesinha (clicada por mim) me chegou através do seu pai, Hugo Vasconcelos, colega de trabalho, quando me preparava para sair de férias, me sentindo meio triste e sozinha naquele momento, apesar de cercada de muita gente. Contudo, bastou olhar para ela e toda tristeza e solidão sumiram e tudo me sorriu, floriu!...

Seu olhar curioso e inocente deu conta de todos nós. Confiante e no bebê-conforto, confortavelmente instalada, seguro pelas mãos carinhosas e zelosas do pai; ela nos perscrutou, sem nada perder, sequer um só movimento!

Com apenas quatro meses de nascida, Laysa, tomou para si todo o ambiente o deixando repleto de paz, de beleza e de Luz. 

Abençoado momento, pelo qual agradeço, de todo o meu coração, ao querido e orgulho pai Hugo, meu amigo, lhe oferecendo esse pequeno registro em forma de crônica.


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Praia de Candeias-PE
Em Dia Nublado e Repleto de Luz
04.07.2015 ( Sábado)


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sexta-feira, 3 de julho de 2015

O MORCEGO SONHADOR ( CONTO-MINIMALISTA)


O MORCEGO SONHADOR
Ysolda Cabral


O morcego sonhando ser dragão,
mergulhou na fogueira de São João.
Suas cinzas espalhadas pelo chão,
grafaram o seguinte epitáfio:
"Aqui jaz um morcego trapalhão."
Muito triste e chorosa a Flor do Manjericão
repetia inconsolável:
Ah, coitado!
Ah, coitado!

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Conto minimalista - definição que adorei:

''Conto Minimalista é o conto ideal para o escritor impaciente e o leitor preguiçoso! '' MarisaQueiroz

Entretanto, Marisa, me permita: O escritor tem que ser bom para escrever um conto curtinho com começo, meio e fim, mesmo que não faça muito sentido – quase nada tem nesta vida "maledita"! Agora, com relação ao leitor... Aí vem o grande mérito da questão, para satisfação plena da impaciência e da preguiça: o leitor precisa apenas saber improvisar e no comentário registrar: ‘’ Lindo!... Que reflexão! Que maravilha! Aplausos! '' 

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Praia de Candeias-PE
Performance de Literatura
03.07.2015

Código do texto: T5298155 
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quinta-feira, 2 de julho de 2015

A LUA E O TEMPO


A LUA E O TEMPO
Ysolda Cabral 



Estou pensando como a Lua é caprichosa, exibida e muito geniosa. Pois não é que ela, toda serelepe, queria, porque queria sair hoje à noite! Mas, com toda aquela chuva, se saísse, não poderia se exibir, do jeito que gosta. Além de que, sair com nuvem de capa e outra de sobrinha, quem gosta? Sem falar que ninguém iria vê-la. De que adiantaria sair? Então, fincou pé e o Tempo, todo cavalheiro e por ela apaixonado, fechou suas comportas, fazendo-lhe a vontade. Ela lhe sorriu felicidade, saindo para enluarar a noite fria.


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Praia de Candeias-PE
Em noite Fria e Enluarada
02.06.2015

Código do texto: T5297726 
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