quinta-feira, 29 de setembro de 2016

MEU EPITÁFIO (OU TESTAMENTO)

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MEU EPITÁFIO
(OU TESTAMENTO)
Ysolda Cabral 


Se eu morrer mais tarde ou amanhã,
Não quero que ninguém fique triste - Eu vivi!
E, vivi completamente tudo o que quis,
De verdade, ou através do sonho.
E, assim, fui muitas vezes feliz.

Comigo não levarei nada,
Entretanto, deixo minha poesia
Espalhada pelos quatro cantos.
E, se alguém se dispuser a corrigir sua rima,
Não vou me incomodar.
Nunca dei importância a isso!
Somente para o que estava sentindo.

Deixarei o meu perfume,
Em cada hortelã graúda,
Que você encontrar.
E, se, em noite sem aconchego,
Tiver um pesadelo,
Com vento ou sem vento,
Meu perfume lhe acordará.

Deixo também o Mar
Que sei, nunca foi meu!
Contudo, quando nele mergulhava,
Com certeza ele era meu.
Sim... Só meu!

Quanto ao meu violão,
Há muito num canto esquecido,
Faça de conta que é seu.
Lustrado e com cordas novas,
Quem lembrará que foi meu?

E, assim ele fará companhia
A qualquer apaixonado,
Pela música e pela vida,
Toda noite e todo dia.

Logo, sorria!
- Ele é seu!
- Quem diria!!!

O meu corpo?
Ao pó voltará independente do lugar.
Então tanto faz ficar aqui ou acolá.
E ao deixá-lo, esqueça!
Não sou eu que ficou lá.

Fiquei em tudo que deixei,
E que acabo de contar.
Portanto, me aproveite bem,
Pois se em vida não o fez...
É, enfim, chegada à vez.

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Praia de Candeias-PE
Em reedição de quinta...
29.09.2016
ApenasYsolda 

Para escutar a música de fundo acesse:

TÔ NEM AÍ




TÔ NEM AÍ
Ysolda Cabral


Madrugada de quarta,
A Insônia ainda me mata,
De tanta preocupação.
E ela diz: Que nada!...

Imagina querer sair por aí, 
Numa madrugada sem Lua, 
Sozinha andando pela rua!
E ela diz: Tô nem aí!

Pois muito bem, meu bem:
Você não precisa de ninguém! 
Eu de você desisto. Pode ir!...
Quanto à mim, eu vou é dormir.


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Praia de Candeias- PE
 28.09.2916
 Ysolda

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ABANDONADA?



ABANDONADA?
Ysolda Cabral


Como eles foram embora,
Se escuto tantos deles,
Cantando para mim agora?

O concerto lindo desta aurora,
É um convite para ir com eles,
Voando alegremente mundo afora.

Convite aceito sem demora!
Afinal, apesar do tamanho,
Do peso e da forma...

Sou alma de puro passarinho,
Que voa alto em sonhos lindos,
Sem sair do ninho de minha casa...

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Praia de Candeias - PE.
24.09.2916
Sábado 
Apenas Ysolda

POUSADA ABANDONADA



POUSADA ABANDONADA
Ysolda Cabral



A Pousada Passarinho,
Anda meio abandonada.
Nunca mais vi os bichinhos,
em concerto ou algazarra!

Por lá nenhum passarinho!
É só silêncio na Pousada.
Vou perguntar ao vizinho,
Onde está a passarada.

Nos alojamentos as joaninhas, 
Sozinhas estão desesperadas,
tentam descansar um pouquinho,
Enquanto os grilos fazem serenata.

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Praia de Candeias-PE
Sonhos de Passarinho
Apenas Ysolda
19.09.2016

''EU NÃO SEI! EU SÓ SEI QUE FOI ASSIM."




''Eu não sei não! Eu só sei que foi assim. ''
Ysolda Cabral



A frase que dá início a esta minha crônica e a intitula, me foi dita por uma colega de trabalho. - Só não sei se é de autoria dela. Mas o fato é que fiquei com a frase na cabeça por vários dias. Hoje, resolvi destrinchar o mistério:

- ''Eu não sei não! Eu só sei que foi assim. '' E é assim que muitas vezes contribuímos na propagação de notícias infundadas, ou injustas, mesmo que sejam somente para fazerem rir. - Senão, vejamos:

Circulou, esta semana, pelo Whatsapp, uma oferta de ''câmara digital'', à moda antiga. (Veja similar na foto acima.) - Compartilhei na hora! Compartilhei em reconhecimento aos bons serviços que elas sempre nos prestaram até os anos 70, e que ainda prestam, com eficiência e coragem principalmente nas cidades do interior e em alguns bairros mais populares das grandes cidades.

Concordando com o meu pensamento, e /ou sentimento, logo um amigo se interessou. Entretanto, sabendo como as coisas funcionam neste mundo de meu Deus, me perguntou se às “câmaras” tinham garantia e assistência técnica...

- Eu não sei não, meu amado amigo, mas acho que todas deveriam ter sim! Entretanto, muitas estão esquecidas e jogadas num canto qualquer, precisando de cuidados.

Se você tem uma, cuide bem dela e preste bem atenção nas fotografias que tiraram na vida útil que tiveram, e, quem sabe, ainda não venha a servir nesses tempos de desgoverno e perspectivas de eleição. 

Bom dia e ótimo domingo para todos! 


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Praia de Candeias-PE 
25.09.2016
Apenas Ysolda 


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segunda-feira, 19 de setembro de 2016

SOLIDÁRIA AO PASSARINHO / POUSADA ABANDONADA





(Imagem do Google)


SOLIDÁRIA AO PASSARINHO
Ysolda Cabral


Daqui vejo um passarinho,
Parecendo triste a chorar.
Ele está tão quietinho!
Queria tanto com ele falar...

Assovio bem baixinho,
como quem diz : Venha cá!
Mas, ele erra o caminho,
voando para o lado de lá.

O Vento me faz um carinho,
com pena achada no ar.
Entendo o choro do bichinho,
E me ponho também a chorar. 

Praia de Candeias-PE
19.09.2016
Ysolda
Uma pessoa que chora e ri de alegria,
tristeza ou saudade, sem pudor.


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domingo, 18 de setembro de 2016

EMBALOS DE ORAÇÃO


Imagem do Google 


EMBALOS DE ORAÇÃO
Ysolda Cabral


A noite chega quieta, calada...
Eu, dando *audiência para solidão,
Deparo-me com notícias inesperadas,
Que fazem doer o meu coração.


Fico aqui a pensar que somos nada,
E na razão de existir tanta desunião...
Num sábado à noite, acompanhada
De triste tristura, recorro a oração...


Jesus, Jesus... Em ti estou ligada!
Rogo que preste toda atenção:
Ameniza o sofrimento e a carga,
Dos que buscam compreensão!


**********

Praia de Candeias-PE
Em sábado de oração
17.09.2016

* Audiência para solidão (Tribalistas)

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PERSPECTIVAS


Imagem do Google 

PERSPECTIVAS
Ysolda Cabral


O dia começa a clarear...
Os passarinhos cantam felizes,
O Mar, em dúvida entre o azul e o verde,
pacientemente aguarda o dia raiar por inteiro.
Quanto à mim; estou alquebrada 
do dia triste e pesado de ontem, e 
da noite insone, tento levantar.


A Vida é assim:.
Dias bons, dias ruins...
Dias que nos levam ao fim
ou, ao recomeço...

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Praia de Candeias-PE.
Em 16.09.2016
 Ysolda

DESCULPAS









DESCULPAS
Ysolda Cabral


Arrumei a cama duas vezes seguidas,
Demorei um pouco mais no banho,
A escolha do que vestir foi minuciosa.
Ah, que bolsa e que calçados usar?...
- Como se tivesse muitos, 
não foi fácil decidir. E, por fim; 
Fiz o desejum como quem não tem fome.
Tudo para protelar minha saída de casa.
Lá fora há tanta maldade! 
Tanta coisa ruim!...

FaceBook
Ysolda Cabral
15.09.2016


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sexta-feira, 16 de setembro de 2016

SANTO DOMINGOS


Imagem coletada no Google


SANTO DOMINGOS
Ysolda Cabral


Numa milésima fração de segundo, 
Que mais pareceu um século no tempo,
Quando o dia se fazia lindo e fecundo,
O Velho Chico recolheu mais um santo.


Deixando na Pitanga o gosto amargo
De tristeza, desespero e abandono;
O Velho Chico continua o seu curso, 
Senhor absoluto dos seus encantos.


O novo santo, de nome Domingos, 
Ainda zonzo, acorda no novo mundo,
De um azul puro, lindo e profundo,
Sabendo o quanto é bem-vindo!


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Praia de Candeias-PE
Homenageando o novo santo
16.09.2016
Apenas Ysolda

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terça-feira, 13 de setembro de 2016

POMBO CORREIO


Imagem Google 


POMBO CORREIO
Ysolda Cabral 


Verdades sāo mentiras, 
Mentiras sāo verdades!
Mas, onde está a realidade?
Está nos versos de tua lira...

E nas metáforas, sem receio,
Recados amorosos tu envias.
Ah, pobre e cego pombo correio, 
Só tem o som da pianola como guia!

Que não se perca no caminho;
Que não vente muito forte;
Que traga de resposta o carinho,
Da bela donzela pura e nobre.

Esse será meu último voo!...
E, como pombo aposentado; 
Não levarei mais nenhum recado.
O correio definitivamente fechou!

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Praia de Candeias-PE
Humor na madrugada
De 12.09.2016
Apenas Ysolda

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domingo, 11 de setembro de 2016

NÃO SOU ÍNTIMA DA POESIA...




Imagem do Google 



NÃO SOU ÍNTIMA DA POESIA
Ysolda Cabral


Não sou íntima da poesia...
atrevidamente penso que sou.
Ela me sorri com amor e alegria.
Desses, tenho certeza, que sou! 

Não sou íntima da poesia...
Contudo, é com ela que vou
pela vida afora, todo santo dia!
E, é sempre muito feliz que vou.

Vou voando nas asas da imaginação,
sobre terras e sobre os sete mares!
Guiada, apenas, pelo meu coração,
sorrio para santos e autênticos lares!...

Nesses vôos, de sonhos com emoção,
chego, por vezes, a chorar sobre vales,
lágrimas que molham a bela floração
de plantas que curam todos os males!... 

Não sou íntima da poesia!
Sou íntima do amor e da alegria.

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Praia de Candeias-PE
11.09.2016
Uma pessoa que chora e ri de alegria,
tristeza, ou saudade, sem pudor.


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quinta-feira, 8 de setembro de 2016

A VOZ DO MEU OCEANO


Imagem coletada no Google


A VOZ DO MEU OCEANO

Ysolda Cabral



Na noite cálida de clima ameno,
escuto na voz do meu oceano, 
versos de amor mais que perfeitos, 
a me lembrarem no todo o seu jeito.

Percebendo um amor pleno,
tudo se faz e refaz tão sereno, 
que o contexto de puro conceito, 
avoluma-se no que é escorreito.


E a noite fica ainda mais cálida,
convidativa ao aconchego de casa, 
onde de sonhos é sempre ávida...

E, sem jamais se sentir exaurida,
posto que a imaginação é vasta, 
ela, barco, jamais esteve à deriva.


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Praia de Candeias-PE
Em 07.09.2016

Uma pessoa que chora e ri de alegria,
tristeza ou saudade, sem pudor. 

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segunda-feira, 5 de setembro de 2016

DIGITAL - SEM RECONHECIMENTO

DIGITAL - SEM RECONHECIMENTO 
Ysolda Cabral 



Para dar por concluído o meu check-up de saúde anual, que me manteve ocupada, estressada e preocupada nos últimos três meses, precisava ir ao oculista. Marquei para mim e para minha filha e fomos juntas à clínica/hospital oftalmológica. Como o atendimento é por ordem de chegada, sem conseguir vaga para estacionar, pedi à minha filha que fosse na frente, para anunciar nossa chegada, enquanto eu dava um jeito de estacionar pelas imediações. Consegui uma vaga um pouco distante da clínica e precisei andar um bom pedaço de caminho de paralelepípedos irregulares, com sapatos de salto alto nos pés desde as seis horas da manhã.

Cansada e esbaforida, sonhando me sentar e matar a sede, cheguei para a consulta. Dirigi-me à recepção, entreguei minha identidade e o cartão do convênio à simpática recepcionista achando estranho não encontrar minha filha ali. A recepcionista então me disse que ela se encontrava no primeiro andar, a espera de fazer exames preliminares, à consulta, e que eu me dirigisse para lá, também, para a mesma finalidade. O elevador demorou, então, reuni as últimas forças e fui pelas escadas. Tão logo realizamos os exames, fomos mandadas de volta ao térreo, onde deveríamos aguardar as consultas.

- Nossa Senhora, até que enfim eu iria poder sentar, tomar um copo d'agua, descansar um pouco... - Ledo engano! Mal sentamos a recepcionista nos chamou, para colocar a digital no equipamento de não sei que nome, para liberação das nossas consultas e dos exames, bem como, assinarmos as respectivas requisições ocasião em que, seriam devolvidos os nossos documentos em poder da Recepção desde que ali chegamos.

Yauanna foi primeiro e logo em seguida me chamaram. Entretanto, quando fui fazer a minha identificação, através da impressão digital, o equipamento deu um ''piti'' e não reconheceu de jeito algum. 

- Coloque o dedo novamente,minha senhora! Pediu-me a recepcionista atenciosa, e eu colocava e... NADA!
- A senhora já teve este tipo de problema com a sua digital? 
- Não, pelo menos até ontem! Mas, como tudo na vida muda num piscar... Respondi-lhe, pensando como seria bom me livrar dos malditos sapatos.
- Passe um pouco de álcool gel no seu indicador, limpe bem e depois limpe o equipamento para ver se funciona, enquanto eu ligo para o plano de saúde, para pegar a autorização, caso sua digital não seja mesmo reconhecida. 
- OK! Respondi-lhe de pronto.
Lavei as mãos com o álcool, as enxuguei com o papel toalha e limpei o equipamento, com esmero, e nada dela conseguir uma linha para falar com o Plano de saúde.
- Limpou bem?
- Limpei sim. 
- Vamos ver?
- Vamos! Respondi-lhe esperançosa, colocando o dedo e nada do equipamento reconhecer a minha digital. A questão era pessoal! Cisma mesmo! Fazer o quê? - Pensei. 
- Passe o dedo nos cabelos, às vezes dá certo! Pediu-me ela. Achei esquisito, mas passei o dedo e... NADA! Já estava com o dedo vermelho de tanto limpar.
- Bem, vamos ao primeiro andar para ver se o equipamento de lá reconhece a sua digital! 
- Tudo bem. Vamos lá! Concordei muito pacientemente.
Dirigimo-nos ao elevador, mas como estava preso no quarto andar, lá fomos nós pelas escadas, eu, mais uma vez.
- Ai meus pés! Ai minhas pernas! Preciso me sentar! Pensei, me controlando para não gritar.

Chegamos à Recepção do primeiro andar, e, depois de tudo explicado, ajustado para minha digital ser coletada ali, coloquei o dedo e... NADA! 
- Limpa aí! Disse alguém.
E começou tudo outra vez: o gel, o papel toalha, os banhos de limpeza e até o dedo no cabelo e... NADA.
- Bem, vamos voltar lá para o térreo! 
- Vamos! 
Eu já me sentia anestesiada pelo cansaço e me deixava levar para lá e para cá sem nenhuma objeção. 

No térreo, outra vez, minha filha correu ao nosso encontro, preocupada com o estado deplorável em que eu me encontrava; perguntou se finalmente a digital havia sido reconhecida e eu lhe respondi-lhe com a cabeça que não. - E eu podia falar! 

Pelo visto a recepcionista, também, já estava no seu limite e resolveu pedir a uma colega para tentar fazer a autorização da minha consulta e dos meus exames, os quais eu já havia realizado, diga-se de passagem.

- A senhora tem certeza de que nunca teve problema com a sua digital? Perguntou a colega recepcionista da recepcionista que antes me atendia e quem respondeu foi a minha filha, pois eu não tinha mais condições. - Eu precisava de uma cadeira será que ninguém percebia?!

Então, a recepcionista colega, pegou meus documentos da mão da que desistia de mim e se dispôs a tentar fazer o equipamento reconhecer minha digital, a qualquer custo, quando, pasma, percebeu que a documentação que tinha em mãos, não era a minha e sim a de minha filha.

Não sei se tive vontade de rir ou de chorar. Eu só sei que dei graças a Deus por poder finalmente me sentar.

Mal sentei, chegou a nossa vez e tive que me levantar para a consulta.
O doutor, nosso amigo e um dos proprietários da clínica/hospital, achou estranho eu me jogar na primeira cadeira do seu consultório sem, sequer, lhe cumprimentar. Contudo, nada lhe disse.

- Ah, se ele soubesse!... 
- Não sei a razão de coisas assim só acontecerem comigo...



Praia de Candeias-PE
Conjecturando abobrinhas de ontem
03.09.2016
Apenas Ysolda - IV 

LINHAS PERFEITAS


 LINHAS PERFEITAS
Ysolda Cabral


Na incógnita da Vida
Traço linhas retas.
Mas, por mais que me esforce,
Elas nunca ficam certas.

Setas, flechas incertas...

Ah, que vida mais complicada!
Não há reza que nos livre
De tanta coisa errada!

Vetam-se os sonhos,
Destroem-se as metas...

Será que não rezo direito?
Ou será falta do culto ou da missa
Aos domingos, vestida de festa?

Ah, brechas...!

Acho que vou me benzer.
Deve ter alguma serventia.
Com certeza, há de ter!

Talvez consiga, assim,
Sem rebeldia e sem maleitas,
Traçar linhas perfeitas
Para mim e para você.

*********

Praia de Candeias-PE
28.08.2016
Ysolda
Uma pessoa que chora e ri, de alegria,
tristeza ou saudade, sem pudor.

Código do texto: T5742670
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O ABRAÇO DE UM ANJO






O ABRAÇO DE UM ANJO
Ysolda Cabral 



Sentia-me naquele ambiente hostil e estranho tão desamparada, tão sozinha e tão assustada que me pus num canto a chorar. E, mesmo chorando, compulsivamente, conseguia perceber a indiferença das pessoas que passavam por mim, naquele corredor extremamente limpo e ausente de humanidade, de sentimento, de compaixão... Achei bom que aquele canto fosse assim, pois poderia chorar a vontade, sem que ninguém me incomodasse, no choro que aliviava a minha alma.

No fundo eu sentia que a ausência de bondade, compaixão e de humanidade das pessoas que passavam por mim, contribuíam para que eu chorasse mais e, isso, naquele momento, era tudo o que eu mais queria. - Até me sentia agradecida a elas!

Continuei no canto a chorar e quanTo mais chorava, mais sentia que havia choro para botar em dia... - Há tanta maldade no ar que, em algum momento, você sucumbe, desaba...

De repente, uma moça, vinda de não sei onde, se aproximou de mim e me perguntou se eu precisava de alguma coisa. Se podia me ajudar de alguma forma. Respondi-lhe que não, balançando a cabeça – não tinha condições de falar. Ela então disse: “Se não precisa de nada, eu preciso de um abraço. A senhora pode me dar um abraço?’’

Surpresa e entre as lágrimas sentidas, me deixei envolver no abraço mais humano e mais amoroso que um dia tive a bênção de abraçar.

Não sei quanto tempo fiquei naquele abraço, chorando em seu ombro bondoso, amigo, desconhecido... Lembro apenas dos seus longos cabelos perfumados, que nem os de minha filha, e tão logo me recompus um pouco, dela me afastei balbuciando palavras de agradecimento e fui embora, sem saber o seu nome e nem que rosto tinha...

Entretanto, sei que jamais vou esquecer do seu abraço que me transmitiu tanto conforto, amor e bondade.

********** 
Praia de Candeias-PE
24.08.2016
Apenas Ysolda


Código do texto: T5738760 
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