quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

SENHORA ALEGRIA




SENHORA ALEGRIA
Ysolda Cabral


Eis que chega o carnaval e eu na maior ''deprê'', não sei por quê. Nem para o Bloco, ''artístico, etílico, filosófico, anárquico e carnavalesco - AMOCREA'', que sai amanhã pelas ruas do lindo Bairro do Espinheiro, está me animando este ano. Ah, estou tão ''assim... assim!'' E foi com esse espírito e quase me arrastando de tanto desânimo que resolvi deixar o carro em casa e ir de ônibus para o trabalho. Parece que essas minhas decisões, ou repentes, sempre acontecem com um propósito definido.

De repente, o ônibus, já bastante lotado, pára e uma senhora se junta a nós. Bonita, elegante, bem vestida, discretamente maquiada, e sob um chapéu praieiro enorme, parecendo mais um sombreiro mexicano, com exagero e tudo, foi entrando e gritando alegremente: '' Ui, ui, ui! O Galo da Madrugada está chegando! Quem vai? Quem vai?''

Todo mundo calado e meio estupefato com o improviso. Se ela estivesse mal vestida, certamente achariam que era louca - pensei cá com meus botões... Louca nada! Ela estava era brincando o seu próprio carnaval! Compreendi.

- Ui,ui,ui! Vai ser bom demais! Ô motorista, você é corno?
- Não que eu saiba minha senhora! - respondeu o motorista morrendo de dar risada.
- Continue sem saber e seja feliz!

Eu, a essa alturas, lamentava não estar perto dela. Uma pessoa dessa eu precisava conhecer mais de perto, porém a catraca e nossas idades nos separavam. Fiquei atenta para não perder nada de sua contagiante pessoa.

Alguém perguntou:
- A senhora ainda brinca o carnaval?
- Claro! - respondeu a linda senhora; e continuou: - Brinco o tempo todo e não só por que é carnaval. Estou com 78 anos de idade e amo a vida. Já a minha filha... Que decepção! Tem 40 anos e é uma morta viva. Não se anima pra nada! Meu marido era assim. Mas, já morreu! Que Deus o tenha.'' 

- Ui,ui,ui ... Vou frevar muito este ano! Ô motorista! Você sabe por que a Terra é virgem?
- Não senhora! - respondeu sorridente o nosso condutor.

Infelizmente não escutei a resposta. Os passageiros riam alto! A bem da verdade, a alegria tomou conta de todos nós, principalmente de mim que já pensava se, ao chegar ao Crea, ainda encontraria uma camisa do bloco disponível para mim.

A alegre e descontraída senhora começou a cantar antigas cantigas de carnavais e me senti transportada para um tempo em que não havia nem nascido.

Ao descer do ônibus ela deixou sua alegria de presente para nós, e em mim um certo desapontamento por sequer saber seu nome...

Pois não é que já comprei a camisa do bloco!

'' Ui, ui, ui!...” O AMOCREA que me aguarde!!!



Recife-PE
27.02.2014
Em clima carnavalesco

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Publicada no Recanto das Letras
Em 27/02/2014
Código do texto: T4708632 
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quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

OLHAR DE ESPERANÇA




OLHAR DE ESPERANÇA
Ysolda Cabral


Olhar de esperança tanta,
num rosto pálido e assustado,
de lindo véu adornado,
ela me lembra uma santa!

Santa sorrindo na tela,
rezando oração fervorosa,
agradecendo, amorosa,
pela Vida que vê da janela.

Vida repleta de Luz e beleza
no canto d'aves por azuis espaços,
no perfume das flores e nos laços
das nuvens namorando a natureza.

Ah, Meu Jesus! Tanta Luz assim
haveria de abrir da fonte as águas
e lavar desse olhar dores e mágoas,
venturando-lhe a paz perene, enfim...



Recife-PE
Em clima de fé e esperança
26.02.2014


**********

Publicada no Recanto das Letras 
Em 26/02/2014
Código do texto: T4707826
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segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

HIPNOSE DA VIDA




HIPNOSE DA VIDA
Ysolda Cabral


O “Senhor dos Anéis”
Coronéis... Cordéis...
Sem réis...

 
Conto de fada,
Conta a Carochinha.
Branca é a neve,
Cinderela só aos Domingos.
Contos perdidos!

Chapeuzinho Vermelho,
O Gato de Botas,
O Gigante de Sete Legras,
João e Maria...
Quem diria!

Brincam de roda as meninas,
Belinda...
Nos céus as bexigas.
Que lindas!

E eu ainda aqui,
Sob a hipnose da vida.

*****
Praia de Candeias - PE
Em reedição
23.02.2014

 
Publciada no Recanto das Letras 
Em 23/02/2014
Código do texto: T4703559
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MOTOCICLISTAS - AMEAÇA NO TRÂNSITO


MOTOCICLISTAS – AMEAÇA NO TRÂNSITO
Ysolda Cabral


O trânsito agora oferece uma nova ameaça: os motociclistas. Aqui no Recife são tantos deles e tão afoitos que, o cuidado por parte dos condutores de veículos, precisa ser redobrado. Não respeitam nada e nem ninguém, nem muito menos as leis de trânsito. É sério! Já avisei à minha filha para ter muito, muito cuidado.

Outro dia, um me cortando pela direita, entre o meio fio e o meu carro, reclamou do pouco espaço, aos gritos e me chamando de todos os impropérios que lhe veio na cabeça capacete. Fiquei assustada, muito assustada.

Meu amigo adquiriu, há pouco, o carro dos seus sonhos. Contratou até um “personal veículo” para lhe deixar sempre limpinho e bem polido. O muito zelo, terminou por despertar a cobiça do vizinho invejoso que, de tanto ‘’azarar’’ o lindinho, um motociclista, na última sexta-feira, arrebentou toda a parte traseira do seu veículo. Quebrou até o vidro! 

Meu amigo inconsolável, depois das providências que se toma em casos assim, e, considerando que, só na segunda-feira poderá o encaminhar para a autorizada, retornou à sua residência, muito chateado e rezando para não encontrar o tal vizinho. Graças a Deus, suas preces foram ouvidas.

Entretanto, ontem à noite, precisou sair em caráter de urgência e como estava nublado, resolveu colocar um plástico, preso por esparadrapos no lugar do vidro trazeiro. Bem na hora que ia saindo da garagem, o vizinho apareceu e lhe perguntou se o ‘’paciente’’ havia piorado e se precisava de ajuda para retornar ao hospital.

Isso tudo por conta de um motociclista! É mole?

Eu, hein! 


Recife-PE
Em 23.02.2014
Ysolda Cabral

RL EM 23/02/2014
Código do texto: T4703316 

sábado, 22 de fevereiro de 2014

INCONSCIENTE

 

INCONSCIENTE
Ysolda Cabral

Dormindo ou acordada,
num Tempo dantes ou de agora,
não sei se indo ou vindo,
só sei que lhe escutava.

Sua voz me embalava,
acalmava a minha alma,
e uma paz infinita,
de mim se apoderava.

Senti-me amada, protegida...
Indiferente aos mistérios da Vida,
você estava ao meu lado,
nada podia dar errado.

Agradecida sorri despreocupada,
e pela sua voz embalada,
Fechei os olhos... Quando os abri,
chorei ao entender que dormi.

Praia de Candeias-PE
23.02.2014
ysolda

publciada no Recanto das Letras em 22/02/2014
Código do texto: T4702384
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sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

"XIXÕES" DO CARNAVAL




"XIXÕES"  DO CARNAVAL
Ysolda Cabral
 
 
Sol das seis da manhã a pino. Um calor de tirar qualquer um do sério, numa sexta-feira que me parecia sem grandes perspectivas até que, comecei a observar por onde passava. Notei algumas varandas dos apartamentos de muitos prédios, alegremente decoradas para o Carnaval. Nunca tinha visto isso antes! Para o Natal e o São João, é normal, mas para a festa do Momo? A não ser que eu não tenha nunca prestado atenção. É! Pode ser sim! Sou péssima observadora. Sou mais ligada nas coisas da Natureza de Deus. A dos homens, sempre me surpreende e me deixa muitas vezes triste e perplexa, com a sensação de ser uma "estranha no ninho."
 
Mas, o fato é que está chegando o Carnaval e eu mais uma vez terei uma vontade louca de cair na folia e cairei é na cama com um bom livro para ler, ou com uma caixinha de lenço de papel, para secar as lágrimas de frustração. Sempre foi assim! Se brinquei o Carnaval alguma vez, nem lembro! Todo o ano eu me prometo ir olhar, pelo menos, e não arredo pé de casa. Também, às vezes que fui só tive raiva e medo!
 
Uma ocasião, no Bloco do Galo da Madrugada, quase morri sufocada e até hoje fico sem ar só de olhar o desfile pela televisão! Logo, a frustração já começa de agora, mas a decisão é de não participar dessa festa bonita e sedutora, contudo louca, violenta e traiçoeira. Sem falar no fedor de sangue, cerveja, suor e xixi que ficam impregnados pelas ruas e avenidas da cidade e por  longo tempo.

Ah! E por falar nisso; ontem, no Jornal local, das 19h, trouxe a notícia de que a Prefeitura da Cidade do Recife adquiriu mais banheiros químicos para serem distribuídos nos Pólos da Folia. E disse ainda que, quem fizer xixi nas ruas será preso.

Será que nos preparativos para a Copa, aproveitaram para construírem um presídio exclusivo para os '"xixões" do Carnaval?

Ah, Então é por isso às obras da Rua Antonio Falcão, não acabam nunca! 
 
Recanto das Letras 
Em 21/02/2014
Código do texto: T4700197
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PERFUME IMPORTADO



PERFUME IMPORTADO
Ysolda Cabral


A Loirinha, minha amiga e companheira de labuta de todos os dias, falou:''Ysoldinha você está horrível comigo!''Traduzindo esse ''horrível'' da Loirinha:''Ysoldinha você está me maltratando, judiando de mim. Você é muito má!'' Bem feito pra mim! ! Mamãe sempre dizia: ''Minha filha, controle essa sua língua, os seus pensamentos, pois nessa pisadinha você vai é arranjar um batalhão de desafetos.'' Filho escuta mãe? Pois é!

Tudo começou assim: A Loirinha, meio inconformada com seus olhos verdes, comprou lentes azuis; não satisfeita com a cor de seus cabelos pintou-os de preto – preto retinto. Eu achei o fim da picada. Cheguei para ela e falei: ''Ô Loirinha, seus olhos sem as lentes são muito mais bonitos''. Ela, indignada, respondeu: ''Não sou loirinha!” Ora, nasceu loira, vai morrer loira! Pronto, falei! Ela olhou para mim de um jeito que deixei quieto e fiquei na minha.

A novidade agora é que ela anda tirando o sossego de todo mundo com um perfume que cismou de usar e, como se não bastasse, toda vez que vai ao toalete põe mais um pouquinho. Se entre nós houvesse alguma grávida já teria se acabado de tanto enjoar...

Outro dia, ela foi comigo de carona e o perfume se espalhou de tal maneira dentro do carro que tive de inventar uma conversa de que estava com pouco combustível e teria que desligar o ar e abaixar os vidros do carro. Pense num cheiro forte e nauseante!  
No dia seguinte, logo quando cheguei, ela me perguntou se poderia voltar comigo de novo. Na bucha respondi: ''Só se não usar perfume, nem um tiquinho!''Ela surpresa e ofendidíssima falou: '' Oxe, Ysoldinha, o meu perfume é Gabriela Sabatinne.  É IMPORTADO!''

- Importado?! Enganaram você, minha linda! Mas, se avexe não! Pra semana vou a Caruaru e compro, na Feira do Paraguai, um importadão pra você e resolvo de vez com esse nosso sofrimento.

A partir daí ela não perde oportunidade de me mandar um ‘’carinho''.

Preciso ir a Caruaru, antes do Carnaval. Vai que todo mundo resolva aderir ao porre de lança perfume importado!  Ficar a mercê do ‘’carinho’’ da Loirinha o tempo inteiro não vai dar certo não. Eu me conheço...

Eu, hein! Que coisa!

*********

Obs. Adoro implicar com a querida amiga Loirinha e ao terminar de redigir esta crônica, li em voz alta para ela que curtiu muito e correu para pesquisar a imagem que queria para ilustração. E mais uma vez eu recebi o seu ''carinho'', porém com autorização para proceder  a publicação.
Recando das Letras
Em 19/02/2014
Código do texto: T4698253 

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

IGREJA VAZIA




IGREJA VAZIA 
Ysolda Cabral


Nos degraus da Igreja,
eu e ela em abandono.
Ela com suas histórias
de fé e malassombro.

Eu com as minhas,
em nada ajudava.

Na tarde fria, uma Igreja vazia,
sem portas, sem janelas...
Lá dentro o escuro prevalecia.

Eu do lado de fora,
        a chorar pela luz que não lhe trazia.    
 A vida para mim apenas começara.

Cadê todo mundo?
Silente me perguntava.
Cadê os que ali casaram?
 Cadê os que ali se batizaram?

Ah, e os padres missionários,
Onde estavam?

Que tristeza ver uma Igreja assim!
Que tristeza senti-la em mim,
com tão pouca idade,
e tão longe de minha cidade...




Goiana-PE
Num dia qualquer de
fim de semana do ano de 1975.
Registrado agora por conta do soneto
IGREJA MORTA do meu Poeta Oklima

Link para leitura:

http://www.recantodasletras.com.br/sonetos/4690864
Comentário que precisava ser destacado:
 
17/02/2014 23:12 - oklima
Poesia - Aquilo que desperta o sentimento do belo - O que há de elevado ou comovente nas pessoas ou nas coisas. Colho de Aurélio tais definições, enquanto colho, por demais emocionado, e guardo em meu peito, a poesia pura de Ysolda Cabral, aos vinte e um anos de idade, sublimada talvez pelo instante místico que eterno se fez nessas fotos que a figuram com a mesma beleza com que sorri em meus versos de agora. Beijando-a aplausos e a aplaudindo com beijos mais, Odir.
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Emocionada você sempre me deixa. 
Obrigada por existir em minha vida.
Recanto das Letras em 17/02/2014
Código do texto: T4695138
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domingo, 16 de fevereiro de 2014

DIA AMPLIDÃO


DIA AMPLIDÃO

Ysolda Cabral


Neste momento em paz comigo mesma, agradeço a Deus por mais um dia de domingo que finda suavemente e em silêncio.

As ondas do Mar entoam canto de louvor à Vida. E, com o coração repleto de amor, não me sinto triste e nem sozinha.

Os pássaros já começam a se acomodar nas copas das árvores para o pernoite enluarado que logo chegará. Sinto certa cumplicidade na brisa que me traz o cheiro do Mar. Sou-lhe grata.

Ah, como sou grata a Mãe Natureza que, hoje se prepara para dormir mais suavemente que em outros dias, apesar de ser domingo e o domingo sempre me lembra coisas boas e ao mesmo tempo tristes, por não serem mais possíveis de acontecer.

Ah, como sou grata pela força que há em mim e que não sei de onde vem... E sei! Só pode vir Dele e de mais ninguém.

Começa a escurecer, os passarinhos já estão silenciando, o ambiente já pede a luz das lâmpadas e eu penso que logo será um outro dia o qual, advindo de uma noite que prevejo linda, com certeza será um dia perfeito.

A ele darei o nome de Amplidão, onde todas as possibilidades serão possíveis, com ou sem redenção. 

Praia de Candeias-PE
Em 16.02.2014
Ysolda 

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Recanto das Letras em 16/02/2014
Código do texto: T4693852 
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DURMA COM UM BARULHO DESSES!





DURMA COM UM BARULHO DESSES!
Ysolda Cabral


Gosto de cachorrinho, mas nunca me culpei por não ter dado um de presente para minha filha, Não dei, não dou e não darei. Não acho justo, nem certo e nem humano ter um cachorrinho num apartamento pra viver preso e sozinho uma vez que, passamos o dia fora. Ela nunca compreendeu isso e até hoje me cobra até porque, em casa de meus pais sempre tivemos cachorro. Em nossa casa de Caruaru o último foi Hulk, um Pastor Alemão maravilhoso. Aqui no Recife temos a Linda, uma “vira-lata de raça” super querida, apesar da casa de meus pais ser, aqui, em apartamento, Contudo, é térreo, há espaço suficiente na área de serviço para Linda que não fica sozinha, em nenhum momento, mesmo mamãe já não estando mais entre nós, infelizmente.

Vejo agora o quanto agi corretamente em não ter dado um “presente” desses pra minha filha... 

Recentemente veio morar no apartamento abaixo do meu, um casal que trouxe na mudança logo dois, não sei as raças. O que sei é que o sossego acabou. A princípio pensei estarem estranhando e que breve se acalmariam. Ledo engano! Eles não param de latir e latem forte, especialmente um deles. Estou entrando em parafuso. Quem não entraria? Ora, se nem no domingo, o único dia que posso dormir mais um pouquinho, eles dão sossego! Hoje, por exemplo, me acordaram antes das cinco da manhã. É mole?

Seus donos viajam para o fim de semana, deixam os bichinhos sozinhos, soltos no apartamento. Eles se aboletam nas desocupadas caixas de ar-condicionado (espero que por pouco tempo) bem debaixo das janelas do meu quarto e do quarto de minha filha e, qualquer movimento lá embaixo, ou na rua, eles se põem a latir sem parar. Há quem durma com um barulho desses?

Fecho as janelas, ligo o ar-condicionado, no máximo, coisa que detesto, pois adorava dormir apenas refrescada pela brisa do mar, e ainda assim ficar sem dormir? 

É brinquedo não! Só sabe quem vive uma situação assim.

E o pior é que quem sofre somos apenas eu e a minha filha. É que o apartamento, abaixo do deles, está desocupado. No térreo, mora um músico que trabalha a noite e quando chega pra dormir simplesmente desmaia. Do outro lado, os condôminos dizem não escutar, até porque são favorecidos pelo Vento, bem mais que nós.

O bom de tudo isso é que minha filha agora parou de cobrar esse presente.

Tudo tem um dia, não é mesmo?


Em tempo: Não era permitido animais de estimação em nosso Condomínio até que um dos proprietários, contrariando às determinações do Estatuto, abriu a exceção e aí está o resultado.

Publicada no Recanto das Letras 
Em 16/02/2014

Código do texto: T4693339 
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sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

VERSOS FAXINEIROS



VERSOS FAXINEIROS
Ysolda Cabral 


Versos faxineiros meus... 
faxinem bem a minha alma,
do mal olhado e do pesadelo,
pela rebeldia de minha casa. 

Versos faxineiros meus...
não liguem para indumentária,
isso não vale nada! Tenho certeza.
O que vale é o coração com nobreza.

Versos faxineiros meus...
posso até pedir para alguém lhes vestir,
com ricas indumentárias de Vizir ,
porém vocês não seriam mais meus.

Versos faxineiros meus...
lavem bem a tristeza e a melancolia,
deixem que escorram mundo afora,
e que se percam pelas galerias.

Versos faxineiros meus...
Não se assustem por ser hoje sexta-feira,
mesmo estando tudo de ponta-cabeça
Não importa! Minha terapia acaba de ser feita. 


Recife-PE
12/02/2014
Sessão de Análise

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RL em 14/02/2014
Código do texto: T4691499 
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quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

CADÊ MINHA ALEGRIA?


 

CADÊ A MINHA ALEGRIA?
Ysolda Cabral 



Aqui, eu comigo mesma. Gosto disso, mesmo admitindo existir um pouco de tristeza nesse meu gostar. Contudo, isso não me assusta. Quero dizer que, a bem da verdade, assusta, mas só um pouquinho. 

Neste ponto paro, olho para as minhas mãos e as vejo envelhecidas, cansadas e meio tortas. Que bobagem! Elas ainda servem e servem muito. Lavam, passam, digitam...Pensamentos meus.

Porque será que os pensamentos meus sempre me levam para longe? Tento trazê-los para perto e não consigo. Por vezes sinto que posso me perder no caminho de volta. Nossa, que pensamento ruim!  Dele me afasto, tenho muito ainda por fazer.

Vou prosseguir e desta feita consciente de mim, prendendo-me a realidade da forma que ela se apresentar e não irei mais fantasiar. Até porque não caem bem fantasias numa mulher de meia idade.

Sinto arrepios, sinto frio, sinto medo... Elevo o pensamento para o Alto e nada muda! Nada acontece. Deve ser a menor pausa.

Há algo errado, muito errado comigo. Olho-me no espelho. Vejo algumas rugas, a pele um pouco flácida...Ainda sou a mesma!  Reconheço-me.

Mas, cadê a minha alegria?

RETROCESSO



RETROCESSO
Ysolda Cabral

Horizontes são vedados
Tudo está ficando proibido
Igual aqueles anos idos
Que não deviam ter acontecido

Tento não me importar
Mas como, se aí está o atentado?
Que vedem tudo em nó bem apertado
Minha alma ninguém vedará

Como arma posso usar e usarei
O papel, parte de minhas vestes
Até mesmo a minha pele
Onde a minha poesia grafarei

Usando caneta, lápis grafite
Batom vermelho ou sangue
Pode ter certeza e liste
O que afirmo e não se zangue

A zanga endurece, embrutece
Deixa a pessoa perdida e feia
Parecendo ter cara de meia
E logo o seu dia noite parece


 
Ysolda Cabral
Enviado por Ysolda Cabral em 11/02/2014
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