quinta-feira, 12 de março de 2015

MEU EPITÁFIO (OU TESTAMENTO)


MEU EPITÁFIO
(OU TESTAMENTO)
Ysolda Cabral 


Se eu morrer mais tarde ou amanhã,
Não quero que ninguém fique triste - Eu vivi!
E, vivi completamente tudo o que quis,
De verdade, ou através do sonho.
E, assim, fui muitas vezes feliz.

Comigo não levarei nada,
Entretanto, deixo minha poesia
Espalhada pelos quatro cantos.
E, se alguém se dispuser a corrigir sua rima,
Não vou me incomodar.
Nunca dei importância a isso!
Somente para o que estava sentindo.

Deixarei o meu perfume,
Em cada hortelã graúda,
Que você encontrar.
E, se, em noite sem aconchego,
Tiver um pesadelo,
Com vento ou sem vento,
Meu perfume lhe acordará.

Deixo também o Mar
Que sei, nunca foi meu!
Contudo, quando nele mergulhava,
Com certeza ele era meu.
Sim... Só meu!

Quanto ao meu violão,
Há muito num canto esquecido,
Faça de conta que é seu.
Lustrado e com cordas novas,
Quem lembrará que foi meu?

E, assim ele fará companhia
A qualquer apaixonado,
Pela música e pela vida,
Toda noite e todo dia.

Logo, sorria!
- Ele é seu!
- Quem diria!!!

O meu corpo?
Ao pó voltará independente do lugar.
Então tanto faz ficar aqui ou acolá.
E ao deixá-lo, esqueça!
Não sou eu que ficou lá.

Fiquei em tudo que deixei,
E que acabo de contar.
Portanto, me aproveite bem,
Pois se em vida não o fez...
É, enfim, chegada à vez.

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Praia de Candeias-PE
Republicando no amanhecer
de uma segunda-feira qualquer 

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