sexta-feira, 21 de agosto de 2015

APENAS EU






APENAS EU

Ysolda Cabral 



Precisava arrumar a minha “casa”
Para entrar nessa nova viagem.
Deixando tudo organizado
Sem deixar nada de errado.

Achar lugar para guardar tudo,
Não foi fácil de encontrar.
Como por exemplo, a juventude que,
Guardei no recipiente da lembrança
Bem fechado e em local arejado
Para noutra ocasião usar.

Os sonhos, as fantasias e as quimeras
Meus “bibelôs tri-gêmeos” mais ricos e preciosos
Os levei para o mar e lá os deixei para as Sereias
Se enfeitarem em noite de lua cheia.

A beleza, a vaidade nunca admitidas
E os desejos efêmeros
Joguei na lata do lixo dos supérfluos sentidos
Sem relutar e sem remorso
Confesso até que, com certo alivio.

A esperança,
Deixei na varanda de minha “casa”
Para quem quiser com facilidade levar
Sem precisar de ninguém ter que roubar.

Na minha bagagem levarei apenas eu
Vazia, sozinha, repleta do nada
Contudo com pés firmes na estrada
Por onde não passa o “Transporte Poesia”
Todavia por mim passa
A certeza de querer voltar um dia
Para a mesma minha morada!

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Praia de Candeias-PE.
Entardecendo o sábado
21.08.2015


Para escutar a música de fundo, acesse: 

Código do texto: T5354527 


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21/08/2015 18:26 - gajocosta

Bela construção, auto-análise profunda de quem está de partida, claro, poeticamente. Realmente, caríssima Ysolda, para esta viagem sugerida, melancólica porém bem planejada, sua arrrumação foi perfeita. Mas, creia, esta viagem você está marcando com absurda antecedência, e já programando a volta! E com tal emotividade que pega o leitor de surpresa pela leveza dos versos! Belo e consistente. Um grande abraço, José