segunda-feira, 5 de setembro de 2016

O ABRAÇO DE UM ANJO






O ABRAÇO DE UM ANJO
Ysolda Cabral 



Sentia-me naquele ambiente hostil e estranho tão desamparada, tão sozinha e tão assustada que me pus num canto a chorar. E, mesmo chorando, compulsivamente, conseguia perceber a indiferença das pessoas que passavam por mim, naquele corredor extremamente limpo e ausente de humanidade, de sentimento, de compaixão... Achei bom que aquele canto fosse assim, pois poderia chorar a vontade, sem que ninguém me incomodasse, no choro que aliviava a minha alma.

No fundo eu sentia que a ausência de bondade, compaixão e de humanidade das pessoas que passavam por mim, contribuíam para que eu chorasse mais e, isso, naquele momento, era tudo o que eu mais queria. - Até me sentia agradecida a elas!

Continuei no canto a chorar e quanTo mais chorava, mais sentia que havia choro para botar em dia... - Há tanta maldade no ar que, em algum momento, você sucumbe, desaba...

De repente, uma moça, vinda de não sei onde, se aproximou de mim e me perguntou se eu precisava de alguma coisa. Se podia me ajudar de alguma forma. Respondi-lhe que não, balançando a cabeça – não tinha condições de falar. Ela então disse: “Se não precisa de nada, eu preciso de um abraço. A senhora pode me dar um abraço?’’

Surpresa e entre as lágrimas sentidas, me deixei envolver no abraço mais humano e mais amoroso que um dia tive a bênção de abraçar.

Não sei quanto tempo fiquei naquele abraço, chorando em seu ombro bondoso, amigo, desconhecido... Lembro apenas dos seus longos cabelos perfumados, que nem os de minha filha, e tão logo me recompus um pouco, dela me afastei balbuciando palavras de agradecimento e fui embora, sem saber o seu nome e nem que rosto tinha...

Entretanto, sei que jamais vou esquecer do seu abraço que me transmitiu tanto conforto, amor e bondade.

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Praia de Candeias-PE
24.08.2016
Apenas Ysolda


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