quinta-feira, 27 de outubro de 2016

QUESTÃO DE PROPORCIONALIDADE


Imagem Google 


QUESTÃO DE PROPORCIONALIDADE
Ysolda Cabral 



Penteei o cabelo de um jeito, e de outro. Tentei repartido ao meio, depois experimentei de um lado, e do outro também. Cada tentativa o achava mais feio, mais sem jeito. Corri para o chuveiro, mesmo já tendo tomado banho, e o lavei outra vez. Usando outro shampoo e um outro condicionador, quem sabe ele não se ajeitaria e acabaria nossa peleja... – Devo confessar que sempre gostei do meu cabelo e até há bem pouco tempo convivíamos em perfeita harmonia. Entretanto, agora a coisa desandou de vez e a nossa convivência está ficando bastante difícil. - Complicada mesmo!

Passei uns meses sem cortá-lo e como meu cabelo cresce rápido, logo ficou bastante grande e não combinava com a minha cara de tantos anos. Passei a prendê-lo em coques que variavam entre o artístico e o ridículo. Todo mundo criticava, implicava! Contudo, eu não ligava. A bem da verdade, ligava só um pouquinho.

Resolvi cortá-lo e fiquei com a cara meio que de Topo Gigio, não sei qual a relação, mas toda vez que me olhava no espelho era a cara dele que eu via. Talvez pelo corte que, abaixo da orelha, pelo volume, lembrava suas bochechas. Sem falar nos dentes impossíveis de esconder nos sorrisos, por motivos óbvios.

Hoje, finalmente, entendi que não há nada de errado com o meu cabelo. Apenas, preciso entender que no caminhar do Tempo, a proporcionalidade que a Vida nos impõe, é mesmo pra valer.

- Fazer o quê?...

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Praia de Candeias-PE
26.10.2016
Apenas Ysolda 

Uma pessoa que chora e ri de alegria,
tristeza ou saudade, sem pudor. 




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