quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

E AGORA JOSÉ?



Avenida Boa Viagem - Recife -PE.
Imagem Ysolda 



E AGORA JOSÉ?
Ysolda Cabral



Hoje minha saída de casa para o trabalho foi bem preocupante. A cada 02 km, encontrava um comando do exército, ostensivamente armado. Senti medo, tristeza e saudade. Três sentimentos conflitantes que me levaram ao porta-luvas do carro para pegar as minhas balas calmantes - mentos de morango. Não ando sem elas, desde que parei de fumar há mais de 20 anos. Infelizmente, acabei o estoque na viagem do último final de semana, e o jeito foi imaginar o seu sabor para me acalmar. Entretanto, o sabor que senti foi bem amargo.

Como o trânsito estava bastante lento, – acho que todo mundo estava tenso como eu -, tive tempo para refletir sobre o medo que eu sentia e que se limitava, único e exclusivamente, ao tempo que já vivi, mas a minha filha ainda não. E, diante das conjunturas atuais, que futuro ela pode esperar?... Senti arrepios na coluna e procurei me despreocupar me lembrando da fé...

- Aí, Ysolda, presta atenção! O semáforo está no verde. Que tal ir adiante? Eu não queria ir... Queria estacionar o carro e sair para fotografar o Mar, sentir o seu cheiro de perto. Mas, não convinha, apesar de estar bem adiantada da hora que teria que chegar ao trabalho.

- Que coisa triste é ter vontade de estar perto do Mar e a prudência lhe falar que o momento não é propício! A sensação de impotência me deu uma tristeza tão medonha que senti saudades do tempo que eu poderia parar no acostamento e ir até tomar banho, se eu quisesse, sem temer mal nenhum. Ninguém ouvia falar em protestos, greves, substituição, arrastão, tubarão, intervenção, ou não sei o que mais lá!...

Tempos bons, mas que a gente arranjava um jeito de reclamar. No fundo sabíamos que era implicância, rebeldia... O futuro não nos preocupava de maneira alguma! Ele estava lá a nossa espera e com todas as oportunidades. - Não havia pressa de chegar!

- E agora José?... Que futuro terão os nossos filhos, os nossos netos se não há segurança, nem emprego, nem tranquilidade? ... Se não há estabilidade e não há esperança embasada de possibilidades possíveis num futuro próximo?!...

Carentes que somos de direção, sem timoneiro, estamos todos num barco a deriva no Mar da ilusão, a afundar no mais profundo desastre humano, e isso se dá quando o homem deixa de ser humano para ser uma fera temida, se encurralada e sem saída.

- Tristes perspectivas para 2017 ...


Praia de Candeias-PE
Em reflexão
12.12.2016
Apenas Ysolda
Uma pessoa que chora e ri de alegria,
tristeza, ou saudade, sem pudor.


Código do texto: T5851383 
Classificação de conteúdo: seguro