quarta-feira, 13 de junho de 2018

SÃO JOÃO DE MINHA ÉPOCA



A imagem pode conter: planta, flor, atividades ao ar livre e natureza


IMAGEM COLETADA DO GOOGLE 



SÃO JOÃO DE MINHA ÉPOCA
Ysolda Cabral



Hoje me peguei pensando no São João de minha época, na minha amada Caruaru e senti tanta saudade! - Aquele sim era São João de verdade! Os festejos eram organizados com simplicidade e com recursos mínimos. Com jornais velhos, fazíamos lindos balões e com as páginas de revistas coloridas, ou de pedacinhos de tecidos, a gente fazia as bandeirolas e tudo ficava muito bonito e enfeitado. Para vestir, bastava um vestido de chita, bem matuto, de saia rodada, estampado. Para calçar, sandálias ou mesmo um tamanco comprado na feira e já estava tudo pronto para dançarmos a quadrilha, ensaiada muitas e muitas vezes para que não houvesse nenhum passo errado ou desigual - os ensaios eram alegres e muito, muito divertidos. Quanto aos rapazes; eles vestiam calças coronhas, com remendos, camisas quadriculadas, e, para calçar; alpercatas. Para completar a caracterização, não podia faltar o chapéu de palha, claro. A culinária ficava por conta de nossas famílias que garantiam pamonha, canjica, pé de moleque e muitas coisas mais feitas de milho, ou não. Até no preparo das comidas havia alguma coisa mágica, especial. Creio que era a união... Assim o São João era comemorado com muita alegria e muita graça. - Eu só não gostava muito dos fogos de artifício - tinha medo deles. Quando as sanfonas, triângulos e zabumbas silenciavam, e as fogueiras chegavam ao estado de apenas brasa, era a hora de sentarmos em volta delas para assar o milho e conversar sobre o próximo São João, mesmo sabendo que muitos de nós já não estaria mais ali... E assim fomos indo embora de nossa terra natal e o São João se vestiu de sofisticação, de grandiosidade e foi perdendo muito da sua pureza, simplicidade e originalidade, pelo menos para mim.


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Praia de Candeias-PE
07.06.2018
Apenas matuta