domingo, 22 de novembro de 2015

ENCONTROS INEXPLICÁVEIS



ENCONTROS INEXPLICÁVEIS 
Ysolda Cabral 



O dia amanheceu hoje, em mim, na paz do silêncio da minha benfazeja solidão. O dia, eu, os pássaros, o Mar e Deus. Nem tanta solidão assim, a bem da verdade!... Lembrei de uma indicação de leitura que recebi e resolvi começar o meu dia por aí.

''O PARAPEITO DA PONTE'', do talentoso poeta escritor, Marco Rocca, conto que fala de um encontro, entre dois desconhecidos, que se abrigam da chuva repentina no parapeito de uma ponte qualquer e do que conversam. A narrativa prende a atenção do leitor do começo ao fim. Quando terminei, com gosto de quero mais, lembrei de um fato acontecido comigo recentemente e fiquei a refletir como a vida é, no mínimo, curiosa!No último dia nove, segunda-feira, fui até a área de lazer do prédio em que moro, para regar as plantas, e ao abrir o portão, por pouco, não pisei num pombo que, quase morto, ali se encontrava. 

Pedindo que se afastasse para que eu pudesse passar, ele se arrastou para um cantinho. Foi quando percebi que estava com uma patinha machucada e as suas asas haviam sido cortadas. 

Senti-me muito mal e desorientada, e, sem saber o que fazer, deixei-o ali, ignorando os avisos do quanto pombo é transmissor de doenças e etc. e tal.

No dia seguinte fui ver como estava. Ele estava muito mal, muito mal mesmo e nem sei como conseguiu se abrigar atrás da pia do banheiro, ali existente, cuja porta sempre fica aberta.

Mais que depressa fui pegar água e comida, me condenando por não ter feito isso na noite anterior. A partir desse instante, fiquei atenta para que de fome não morresse.

Exatamente oito dias depois, percebi que ele se recuperava, pois sempre que chegava perto, ele dava pequenos vôos, como para me mostrar que suas asas já cresciam. Na quinta-feira, dia 19, antes de ir trabalhar, fui vê-lo e o sentindo bastante forte, lhe falei seriamente:

- Ô pombinho, você já está quase bom. Até já está saindo da ‘’UTI’’! Então preste atenção: Amanhã o zelador vem fazer a limpeza do prédio e vai lavar este banheiro. É bom você não estar mais aqui! Considere-se de alta!

Ele ficou me olhando atentamente e assim ficou até me ver ir embora. - Aquele olhar tranquilo, mas enigmático, ficou em mim durante todo o dia.

Será que ele havia ficado triste comigo, ou aquele olhar era de agradecimento? Não sei! Só sei que eu estava feliz por ele não ter morrido. 

Na sexta-feira, logo cedinho, antes de ir trabalhar e antes que o zelador chegasse, fui vê-lo... 

Ele tinha ido embora!...

Sentindo uma lágrima no rosto, sorri. 

A vida é mesmo surpreendente! 

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Praia de Candeias-PE
Em 22.09.2015 (domingo)

* Para ler o conto, clique no título. 

Código do texto: T5457143 
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