segunda-feira, 2 de novembro de 2015

SAUDADES DE ONTEM




SAUDADES DE ONTEM
Ysolda Cabral 



Tenho para mim que o domingo quer me conquistar, pois, se não, qual a razão dele vestir o sábado, dia que mais gosto, e vir aqui me perturbar? Já olhei na folhinha mil vezes, no PC e até o meu relógio de pulso, saiu do porta miudezas (não digo jóias, posto que joia não tenho) para me confirmar que hoje é mesmo sábado e não domingo.

Pensei bater na porta da vizinha, ou telefonar para alguém, mas temo pensarem que enlouqueci de vez. Melhor ficar quieta e esperar. O domingo tem que se manifestar e dizer o que pretende, ou, o sábado se impor, como dia lindo e poderoso que é, e mandar o domingo domingar noutras plagas.

Ah, que dia mais quieto! Até o Mar está paradão! A Brisa me chega à janela, meio friorenta a me reclamar do Sol que não lhe esquenta. Fazer o quê se estou mais ou menos como ela?

Contudo, sei que o meu problema é um pouco de cansaço, resquício do dia de ontem, tomado de felicidade buliçosa, ruidosa e repleto de Tempo ligeiro. – É assim, quando a felicidade e a alegria chegam, o Tempo sempre dar um jeito de correr e isso só me traz a certeza de que ele não gosta de ver ninguém feliz.

Entretanto, com relação ao domingo, que me visita hoje que é sábado, com certeza transportado pelo Tempo, meu arquinimigo, que desde ontem não consegue parar de correr, me causando esse transtorno de orientação, percepção e etc. e tal, digo-lhe que ele é muito bem-vindo e que fique à vontade para domingar por aqui o quanto quiser. - Não vai me perturbar! 

Quanto à gente está feliz, que importa o dia? Contudo, o fato é que estou com saudades do dia de ontem.



Praia de Candeias-PE
Em ondas e saudades
31/10/2015

Para escutar a música de fundo, acesse:



Código do texto: T5433255 
Classificação de conteúdo: seguro