domingo, 13 de dezembro de 2015

RECIFE ANTIGO - DECORAÇÃO DE NATAL





RECIFE ANTIGO - DECORAÇÃO DE NATAL
Ysolda Cabral



Minha filha nutre uma cisma, uma antipatia, uma completa rejeição ao bom prefeito da capital de Pernambuco, Geraldo Júlio, desde a campanha. Coisa mais inexplicável! Creio que isso vem de outras vidas, se elas realmente existiram. Ele até fez uma campanha séria e vem fazendo uma excelente gestão!

Considerando tudo isso foi que, de muito bom grado, aceitei o simpático convite do meu irmão, para juntarmos nossas famílias e irmos todos até o belo bairro do Recife Antigo, ver a decoração de Natal, no sábado à noite (ontem).

E lá fomos nós, por volta das 18 horas. Hora da Ave-Maria... 

Devo confessar que encontrei um pouco de resistência por aqui – já esperava! Mas, fiz valer minha autoridade de mãe e compromissos outros foram adiados.

Fiquei apenas em dúvida se levaria meus óculos de sol, pois, sabendo da característica generosa, farta e de bom gosto do nosso Prefeito, com certeza o Recife Antigo estaria sob iluminação tão intensa, mais tão intensa que lá seria dia.

Bem, dia, dia mesmo não estava, mas tinha uma ruazinha lá, a menorzinha de todas, com uma rede de luzes suspensa, entre a árvore de Natal e a Manjedoura.

Confesso que fiquei meio atordoada procurando entender à razão de tanta economia na decoração do Natal do Geraldo Júlio e, antes que eu conseguisse diluir tudo àquilo, eis que vejo estarrecida um caminhão, tentar cruzar a rua sob a linda rede de luminárias natalinas.

- Que motorista desalmado! Ele ia acabar com o pouquinho que nos foi concedido em decoração de Natal, pelo bom prefeito! - Que desmancha prazeres!

- Mas, só se fosse por cima do meu cadáver!

Firme, forte e decidida, fui até o caminhão, preso a rede e ao verificar que o motorista tentava desvencilhar o baú dos fios para poder passar, ceguei e a raiva aumentou!... 

- O senhor enlouqueceu de vez? Quer acabar com o pouco do nosso Natal? Não tinha outra rua para o senhor levar esse monstrengo, não?! E o desmancha prazeres, boquiaberto, só dizia: 
- ''Minha senhora, minha senhora! As ruas estão todas interditadas! ‘’
– Interditadas?! E aí o senhor entende de vir justo por esta aqui!

A essa alturas, o pouquinho de gente que circulava por ali, também meio desiludida com aquela bonita, mas parca decoração, se achegou a mim como apoio. - Exceto minha família, naturalmente!

O motorista então resolveu voltar de onde veio e foi embora de ré.

Salva a decoração, acalmados os ânimos; fomos às fotos.

No caminho da volta, até onde os nossos veículos haviam ficado estacionados, pensei em voz alta que, ao invés dos óculos de sol, deveria ter trazido uma lanterna.

Meu irmão disse que nunca mais me chamava pra ver decoração nenhuma.

- Que coisa!