domingo, 24 de janeiro de 2016

CASAMENTO DURADOURO










CASAMENTO DURADOURO

Ysolda Cabral


Em pleno ontem de manhã, depois de muito relutar se ganharia a estrada para algum lugar, ou se iria dar uma caminhada pela orla de Boa Viagem, - quem sabe até não encontraria algum bloco carnavalesco (?) - resolvi ficar em casa e me divertir com a vassoura e o espanador, pensando o que faria para o almoço.

Admirada com a disposição que me apareceu do nada, aproveitei para caprichar, mudando, inclusive, alguns móveis do lugar,- coisa que faxineira nenhuma tem autorização de fazer - , quando o telefone me chamou.

Contrariada pela interrupção, atendi. Do outro lado da linha, uma amiga que, há muito tempo não tinha notícias dela. Toda chorosa, dizendo ter se separado do marido, estar se sentindo sem chão e não sei o quê mais lá...

Fiz as perguntas de praxe, deixei que falasse, desabafasse bem... Depois procurei confortá-la, dizendo para tocar a vida, que ela era ainda muito moça e etc. e tal. Como não consegui muita coisa indo nessa direção, resolvi lhe aconselhar voltar atrás na decisão e fazer as pazes com o dito cujo.

- Viva!!! Deu certo. Voltei às minhas tarefas, finalmente.

Contudo, sem a mesma disposição de antes... Estava triste por minha amiga, por mim e por tantas outras amigas que, como nós, não tiveram muita sorte no casamento...

Casa limpa e no lugar, tomei um banho rápido, vesti uma roupa confortável e fresquinha. Prendi os cabelos e fui para cozinha, decidida a caprichar no almoço.

Com o pensamento a conjecturar as razões da maioria dos casamentos não durarem tanto, principalmente os de hoje; dei por falta do cebolinho.

Perguntei à minha filha se eu havia colocado coentro e cebolinho na nota das compras desta semana posto que, foi à vez dela de realizar essa tarefa, que detesto.

Minha filha respondeu que sim! Mas, no supermercado, ela só encontrara coentro.

- Fiquei admirada. Os dois são inseparáveis!... 

Então pensei com meus botões: será que eles também se separaram?! Não consigo imaginar um sem o outro. Eles se completam desde que entendo de cozinha e de tempero!...

Caí na risada, imediatamente, ao me dar conta do que acabara de pensar... Pois não é que associei os dois, coentro e cebolinho, como exemplo de casamento perfeito e duradouro! ...

- Ô Ysolda! Só se for casamento gay! ...

- Eu, hem, que coisa!

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É com imensa alegria que registro o recebimento do comentário inteligente, criativo e muitíssimo bem-humorado, do meu Poeta Odir Milanez da Cunha -Oklima, e faço dele parte integrante da crônica em tela.



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27/01/2016 12:18 - oklima



Soube, a boca pequena, que o coentro e o cebolinho foram dançar salsa, onde deram de cara com o manjericão, o alecrim, o orégano e a hortelã. Foi o tomilho chegar com a pimenta, que a coisa pegou fogo! A sálvia inventou um tal de "dublê" de damas e a frescura tomou conta de todos. O que tinha de "tempero verde assumindo ser fresco" não estava no gibi. Fim de festa, só talos secos no chão, e o espanador vadiando o chão da casa à procura de notícias de ex-maridos ou rastros de novos compromissos...

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Praia de Candeias - PE

Em sessão besteirol de domingo
24.01.2015
Apenas Ysolda 

Código do texto: T5521651 
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